Redação (14/08/06)- Em um surpreendente relatório publicado na sexta-feira, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo sua estimativa para a produção mundial de soja na safra 2006/07. Esse ajuste, aliado à leve elevação na previsão para a demanda global total, deixou como saldo uma projeção de déficit do grão na temporada, o que há muitos anos não acontece.
Para a produção, o USDA passou a trabalhar com 217,74 milhões de toneladas em 2006/07, 1,1% menos que o previsto em julho (220,18 milhões) e 0,8% abaixo do volume de 2005/06 (219,49 milhões). Enquanto no Hemisfério Sul a safra 2005/06 está em fase final de comercialização, no Hemisfério Norte as lavouras de 2006/07 já se desenvolvem.
No caso da demanda, o órgão americano agora projeta 220,15 milhões para o novo ciclo, 0,1% mais que o estimado em julho e 2,7% acima do verificado em 2005/06. As correções para 2006/07 decorreram sobretudo de mudanças promovidas nos números para o mercado americano.
No Brasil e no exterior, analistas questionaram as novas projeções para a produção nos EUA, uma vez que relatórios anteriores do próprio USDA sobre as condições das lavouras americanas não mostraram prejuízos significativos. “O mercado sabe que os números não batem. Tanto é que as cotações caíram na bolsa de Chicago”, afirmou Renato Sayeg, da Tetras Corretora. De fato os contratos com vencimento em setembro caíram 6 centavos de dólar na sexta-feira e fecharam a US$ 5,5525 por bushel. A queda, segundo traders de Chicago, foi motivada por vendas especulativas deflagradas justamente pelo clima favorável nos EUA.
No milho, a relação USDA-preços prevaleceu em Chicago. O órgão elevou as previsões para as produções americana (278,80 milhões de toneladas) e mundial (689,31 milhões) em 2006/07, e os contratos para dezembro recuaram 14 cents, para US$ 2,4175 por bushel. Para o trigo, o relatório do USDA foi praticamente neutro, e as cotações seguiram os outros grãos. Dezembro fechou a US$ 4,7275 na bolsa de Kansas, em queda de 12 cents. E o algodão refletiu uma baixa menor que a esperada na previsão do USDA para a safra americana e caiu na bolsa de Nova York. Dezembro perdeu 112 pontos e fechou a 55,74 centavos de dólar.