Com a globalização o aumento da competitividade é irreversível na produção animal. Avanços contínuos nas áreas de nutrição, genética, sanidade, ambiência e manejo são necessários para maximizar o desempenho bioeconômico.
Na área de nutrição, os maiores esforços estão em aumentar os índices zootécnicos e otimizar os custos da formulação. A adição de enzimas nas rações tem apresentado alta resposta zootécnica e econômica na produção de aves e suínos.
Na criação de aves comerciais, a alimentação representa cerca de 60 a 70% dos custos da produção. O uso das enzimas em rações possibilita uma melhor disponibilidade dos nutrientes, o que favorece o aproveitamento do fósforo, cálcio, aminoácidos e energia por aves e suínos, representando uma economia significativa no custo da nutrição.
As enzimas têm como principal função facilitar a digestão. São substâncias naturais envolvidas em todos os processos bioquímicos que ocorrem nas células vivas. De maneira resumida, são proteínas que atuam como catalisadoras dos processos biológicos, ou seja, aumentam a velocidade da reação bioquímica sem serem consumidas no processo.
As aves e suínos produzem enzimas, mas a quantidade endógena não é suficiente para atuar sobre todo o substrato, sendo necessária a suplementação das enzimas exógenas, para que o organismo intensifique o aproveitamento dos nutrientes contidos nos ingredientes. A suplementação enzimática tem se tornado comum nas últimas décadas por proporcionar benefícios ao animal e ao meio ambiente.
As enzimas utilizadas na alimentação animal são produzidas industrialmente por empresas especializadas através de culturas de microorganismos, derivadas da fermentação fúngica, bacteriana e de leveduras. As principais são: fitase, xilanase, protease, amilase, glucanase, celulase e β mananases, que atuam no aumento da digestibilidade dos nutrientes dos alimentos e dos polissacarídeos não amiláceos. Elas ajudam a reduzir os efeitos antinutricionais, maximizando o aproveitamento da proteína, energia e fósforo, que são os nutrientes de maior valor dentro do custo da formulação.
A suplementação enzimática beneficia a digestão e absorção dos ingredientes convencionais e não convencionais; remove ou destrói os fatores antinutricionais presentes nos grãos; aumenta a digestibilidade total da ração; melhora a digestibilidade dos chamados polissacarídeos não amiláceos (PNA’s) e aumenta o espaço para o ajuste da formulação da ração.
Os PNA’s são essencialmente fibras não digestíveis, que pouco acrescentam ao valor nutritivo dos ingredientes e podem reduzir a disponibilidade geral dos nutrientes ao criarem um ambiente de difícil atuação das enzimas endógenas. A adição das enzimas nas dietas potencializa a ação das enzimas endógenas, o que reflete em melhores índices zootécnicos, fezes mais secas e sem resíduos de ingredientes.
Aproximadamente 70% do fósforo dos grãos vegetais estão indisponíveis, ou seja, no sistema gastrointestinal o fósforo, cálcio, proteínas e carboidratos estão na forma de fitato ou ácido fítico, o qual reduz o aproveitamento dos nutrientes. Este fitato pode ser hidrolizado – com a inclusão da enzima fitase nas dietas – atua na liberação do fósforo indisponível contido nos grãos vegetais, como o milho, soja, sorgo, arroz, farelo de trigo, entre outros ingredientes. O fitato impede que nutrientes importantes para o desenvolvimento dos animais sejam aproveitados e absorvidos; reduz a disponibilidade do fósforo e aumenta a secreção de muco no intestino, interferindo nos sistemas de absorção dos nutrientes.
A fitase em termos práticos proporciona a redução da inclusão das fontes de fósforo inorgânico e/ou orgânico, como o fosfato bicálcico e farinha de carne, que podem liberar ao redor de 0,1 a 0,15% do fósforo disponível para suínos, aves de corte ou postura. Isto significa a diminuição da inclusão de fosfato bicálcico ou farinha de carne, o que reduz o custo de formulação das dietas e melhora o desempenho zootécnico.
A inclusão de fitase permite que dois objetivos sejam alcançados: atender às necessidades de fósforo e reduzir sua excreção no meio ambiente juntamente com o nitrogênio. É possível minimizar o impacto ambiental e impedir que o fósforo vegetal (oriundo dos alimentos) seja eliminado nas fezes sem ser aproveitado pelo organismo.
As enzimas são uma das principais ferramentas nutricionais para a redução dos custos da produção de proteína animal de aves e suínos. Elas contribuem com uma produção mais sustentável, por meio da maximização do aproveitamento dos nutrientes, presentes nos ingredientes convencionais e não convencionais. Conhecer a ação das enzimas sobre seu substrato juntamente com os aspectos econômicos é a forma mais coerente de utilização deste aditivo na nutrição animal.
O Grupo Guabi também adiciona em suas rações enzimas com objetivo de maximizar o potencial dos animais. A empresa utiliza também em sua linha de produtos matérias-primas nobres, de alta digestibilidade e com balanceamento ideal de aminoácidos (lisina, metionina, treonina, triptofano, dentre outros), fundamental para o melhor desempenho dos animais e maior lucratividade dos produtores.
Artigo escrito por: João Carlos de Angelo – zootecnista e gerente de Avicultura do Grupo Guabi