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Valorização do real diminui ritmo de comercialização de soja no País

Cooperativa do Paraná chega a trazer produto do Mato Grosso para manter fábrica.

Da Redação 20/05/2003 – Preocupados com a valorização do real diante do dólar, os produtores terminam a colheita de soja sem pressa em vender o grão e preferem deixar os negócios para o segundo semestre. Essa postura traz dificuldades para as cooperativas do Paraná, que mesmo com os armazéns lotados, realizam malabarismos para manter funcionando suas fábricas. E para aquelas que não têm indústria, a preocupação é a própria estrutura de armazenagem, que precisa estar disponível para receber o milho da safrinha.

Com forte tradição no mercado interno, a Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá (Cocamar) está comprando soja de terceiros, principalmente no Mato Grosso, para atender de 10% a 15% da demanda de sua indústria, que tem capacidade para esmagar 640 mil toneladas por ano.

A Cocamar recebeu de seus cooperados 520 mil toneladas de soja na safra 2002/03, cuja colheita terminou na última semana. Os produtores, contudo, venderam efetivamente apenas 28% desse volume, ante 50% do ano anterior, revela Luiz Lourenço, presidente da cooperativa. “Estamos com os armazéns abarrotados de soja, mas a comercialização é muito lenta. A valorização do real anulou a alta de preços em Chicago. Por isso, o produtor prefere esperar”, afirma.

Desde o início do ano, os preços da soja subiram 11,99% na bolsa americana. Em compensação, o dólar caiu 15,6% em relação ao real no período. Somada a pressão normal de entrada de safra, o resultado é queda de preços no mercado interno. Em Maringá, a saca de soja saiu de R$ 43,00 em janeiro para R$ 36,50 esse mês, conforme levantamento da Agência Rural.

Operadores de mercado estimam que 50% da safra paranaense foi comercializada até agora, contra 70% do Mato Grosso. Para analistas, as cooperativas do Paraná conseguem fechar negócios no Mato Grosso graças ao volume produzido no Estado: 12,5 milhões de toneladas, contra 10 milhões no Paraná. “E muita soja é escoada via exportação no Paraná, graças a proximidade com o porto de Paranaguá”, justifica Seneri Paludo, da Agência Rural.

A Cooperativa Agrícola Consolata (Copacol), com sede em Cafelândia do Oeste, já está preocupada com a safrinha de milho, pois seus armazéns estão repletos com as 200 mil toneladas de soja que recebeu nessa safra. Desse total, 40% já foi comercializado pelo produtor, contra 50% no mesmo período do ano anterior.

Para garantir espaço para o milho, a cooperativa já realiza algumas vendas a fixar – ou seja o grão é entregue aos compradores, mas os preços só serão fechados depois que o produtor vender sua soja. “Depois de duas safras com bons preços, o produtor está tranqüilo. E a soja é a sua moeda. Ele sabe que quando precisar de dinheiro, é só vender o grão”, explica Paulo Buss, gerente comercial da Copacol.

A Cooperativa Agrícola Mista Vale do Piquiri (Coopervale), de Palotina, adotou a mesma estratégia e está fechando vendas de soja em grão a fixar. “Estamos na boca da safrinha de milho. Irá haver problema de espaço”, comenta Jacir Berri, analista de mercado da cooperativa. Enquanto a capacidade de armazenagem do Paraná se mantém em cerca de 20 milhões de toneladas para todos os grãos, apenas a produção de soja aumentou 13,7% na comparação com a safra 2001/02, para 10,7 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral).