Da Redação 15/10/2003 – 05h07 – As cultivares precoces, indicadas para quem vai plantar milho safrinha ou feijão no inverno, já estão em falta.
No ano passado, o Brasil semeou 18,4 milhões de hectares com a cultura. A previsão inicial, para esse ano, é de um crescimento de 7%. O alto preço da commodity, porém, pode ampliar essa expectativa.
“A oferta e demanda de sementes estão bem ajustadas”, disse Iwao Miyamoto, diretor setorial de sementes de soja da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem). Segundo ele, se o aumento de área ultrapassar os 7% previstos, pode faltar semente.
Na última safra, o País produziu 900 mil toneladas de sementes, para uma demanda de 800 mil toneladas. “O mercado está aquecido”, disse. Na empresa de Miyamoto, que comercializa cultivares de soja, o movimento aumentou nas últimas semanas.
Diariamente, são carregados de 20 a 30 caminhões com o produto; a média normal é de 15 a 20 carregamentos. “Os clientes estão retirando rapidamente, com medo de faltar”, explicou.
Ele também comentou que o excesso de chuvas durante a colheita de sementes no Mato Grosso causou quebra de 20% na safra do estado, que deve buscar cultivares em Goiás e Minas Gerais. “No Rio Grande do Sul, o governo liberou os transgênicos por falta de oferta da semente convencional”, afirmou.
No Paraná, a Associação Paranaense de Produtores de Sementes (Apasem) garante que a oferta será suficiente para atender todos os produtores. O Estado produz 4,6 milhões de sacas para uma demanda de 4,2 milhões de sacas. “Houve aumento de 10% com relação à última safra”, informou Eugênio Bohatch, diretor executivo da entidade. Segundo ele, 85% do volume produzido já foi comercializado. “Demanda e oferta estão equilibradas”, confirmou.
A previsão é que, no Estado, 3,86 milhões de ha sejam cultivados com soja, com crescimento de 6,6% em relação ao ano anterior. O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) não acredita em aumento muito maior que o calculado nessa primeira estimativa, já que o Estado não tem muitas fronteiras para expansão. Além disso, produtores tradicionais de milho – que cedeu área para soja – devem continuar na cultura.
Na cooperativa Integrada, não há mais oferta de variedades precoces ou recém lançadas para semeadura na safra que começa a ser plantada. A área atendida pela cooperativa deve registrar crescimento de 8% nas lavouras de soja, segundo o coordenador técnico Irineu Baptista.
“Temos oferta de semente para crescimento de até 12%”, disse, acrescentando que as variedades disponíveis não são as mais procuradas. Até ontem, 95% das sementes ofertadas pela cooperativa já tinham sido comercializadas.