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Vazio sanitário unificado

<p>Instrução Normativa 001/2006 regulamenta regras ao cultivo e determina prazo único de 15 de junho a 15 de setembro.</p>

Redação (27/09/06) – A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural (Seder), por meio da Instrução (IN) n 001/2006, instituiu no Estado um período único de vazio sanitário, que vai do dia 15 de junho a 15 de setembro. A unificação do período em que o cultivo da soja fica proibido no território estadual atende às recomendações feitas pela Comissão de Defesa Sanitária Vegetal de Mato Grosso. O novo calendário que mantém a proibição por 90 dias já está em vigor.

Até a publicação da normativa, o vazio sanitário tinha duas datas: de 15 de junho a 15 de setembro para as lavouras localizadas no Norte e Médio Norte do Estado e de 1 de julho a 1 de outubro para a porção Sul de Mato Grosso.

Nas últimas safras, a incidência da ferrugem asiática tem sido o principal inimigo da produção de soja mato-grossense. Um exemplo do pesadelo está em Primavera do Leste (239 quilômetros ao Centro Leste de Cuiabá), que exigiu de alguns produtores seis aplicações de fungicidas, quando o histórico da região oscilava entre duas e duas e meia aplicações. O custo chegou a US$ 70 por hectare, como na última safra (05/06). Juntamente com as secas, a queda na produtividade chegou a 70%.

Com a normativa, a Seder pretende eliminar a chamada ponte verde para a infestação do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença. De acordo com as justificativas contidas na IN, a Seder considera a necessidade de manutenção de um período sem cultivo e sem a existência de plantas guaxas de soja em qualquer área, seja com irrigação ou em áreas não irrigadas. (…) Considerando ainda a sugestão da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal de Mato Grosso para a criação de período único de vazio sanitário, inclusive tornando obrigatória a eliminação de toda planta guaxa, seja sob sistema de irrigação ou não. (Veja quadros).

O cultivo da soja durante a entressafra principalmente por meio dos sistemas de irrigação concentrados na porção Sul mato-grossense – tem sido a principal fonte de produção do inóculo do fungo, que faz a chamada ponte verde e reinfesta precocemente a safra seguinte. A chamada safra verão.

Segundo o engenheiro agrônomo e gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja/MT), Neri Ribas, a medida vai contemplar o aumento da produção por meio do ganho em produtividade – e consequentemente redução no custo de produção. A existência das plantas guaxas existentes no período da entressafra tem sido a principal fonte de produção do inóculo do fungo. Se o combatermos na hora certa certamente o produtor irá produzir mais com menos custo, acredita.

Para o presidente da Aprosoja/MT, Rui Ottoni Prado, a medida é extremamente positiva ao setor que terá esperanças no combate à ferrugem, além de possibilitar aos produtores o cultivo de algodão safrinha, ao permitir a semeadura de variedades precoces de soja. Vejo a medida com bons olhos. A IN, além de prevenir a ferrugem, permite plantar o algodão safrinha, ou seja, teremos uma segunda safra, comemora.

Prado afirma ainda que a medida foi proposta através de embasamento técnico e não por escolha dos agricultores: foi feita uma sugestão à Comissão de Defesa Sanitária Vegetal de Mato Grosso para a criação de período único de vazio sanitário, inclusive tornando obrigatória a eliminação de toda planta guaxa, seja sob sistema de irrigação ou não.

Como reforça Ribas, para a nova safra que está sendo cultivada ao Médio Norte de Cuiabá desde o dia 16 – já se aplicam as novas regras da IN. Ainda segundo o gerente técnico da Aprosoja/MT, em uma visita, recente o técnico da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), José Tadashi, sinalizou dados positivos referentes a esse vazio já implantado de maneira experimental desde o ano passado, mas obrigatório na safra 05/06. Os resultados só devem aparecer no final da safra quando tivermos um balanço sobre o ataque da ferrugem, mas como disse, a visita do Tadashi foi bastante positiva aos nossos esforços. (Colaborou Marianna Peres Franco)