Redação (29/07/2008)- Os agricultores de Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, haviam comercializado antecipadamente até a última sexta-feira 21% da próxima safra (2008/09) da oleaginosa, informou o Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), orgão da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato).
Esse é o primeiro levantamento da comercialização da safra realizado pelo Imea, e não há dados comparativos com a temporada anterior.
Mas comparando o percentual apurado pelo instituto com levantamento feito pela consultoria privada Agência Rural, em agosto do ano passado, o comprometimento de vendas antecipadas para 2008/09 aponta um atraso em relação a 2007/08. Naquela época, mais de 40% da produção futura já havia sido vendida.
"É muito pouco", disse a administradora do Imea, Maria Amélia Tirloni, referindo-se ao percentual já comprometido.
Produtores de Mato Grosso, que plantam tradicionalmente em grandes áreas, costumam vender parte da produção antes mesmo de iniciar a semeadura como forma de financiar suas atividades.
O plantio em Mato Grosso começa geralmente em meados de setembro, após as primeiras chuvas.
Como ainda não há uma estimativa de produção para 2008/09, até porque o resultado da colheita poderia ser afetado por eventuais intempéries climáticas, o instituto calculou o percentual vendido com base na colheita obtida em 2007/08. Dessa forma, os mato-grossenses já teriam comercializado 3,7 milhões de toneladas, de um total de 17,7 milhões.
Segundo Maria Amélia, do total comprometido com as multinacionais do setor, que atuam como importantes financiadoras da safra no Estado, a maior parte foi negociada em operações de troca que envolvem fertilizantes, por exemplo.
"Dentro disso, nem tudo está com preço fixado", ressalvou ela, destacando que não é possível precisar quanto das operações de troca está com preço fixado.
E, de acordo com o Imea, apenas 4 pontos percentuais (do total de 21%) se referem a negócios realizados com preços fixados em dólar, para entrega durante a safra.
A intensa volatilidade dos preços da soja, com variações expressivas nas últimas semanas, está deixando os negociadores cautelosos, temendo fechar acordos a um determinado valor diante da possibilidade de perdas no futuro.
"As multis estão fazendo conta e não estão indicando preço. E o pouco que estão indicando não satisfaz ao produtor", declarou a administradora, lembrando que no ano passado o produtor realizou muitas vendas antecipadas, mas depois teve perdas, uma vez que os preços subiram no final do ano a valores superiores aos fechados em meses anteriores.
Para 2008/09, os produtores fixaram preços mais intensamente apenas no início deste mês, quando as cotações atingiram níveis próximos dos recordes.
Os melhores valores dessas fixações foram registrados em Sapezal, a cerca de US$ 24 por saca (60 kg), e em Lucas do Rio Verde e Sorriso, entre US$ 22 e US$ 23.