Redação (31/03/2009) – O volume de grãos que estão chegando ao Porto de Paranaguá desde o início do escoamento da safra agrícola está superando a quantidade do ano passado. Entre janeiro e 29 de março deste ano, as exportações de milho e açúcar aumentaram 51% e 13% respectivamente, em comparação a 2008. De soja foram já exportadas 1,1 milhão de toneladas, volume semelhante ao do ano anterior.
O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza, antecipa que o porto vai aumentar a quantidade de grãos embarcados nesse ano. “Foram embarcadas, em 2009, 500 mil toneladas em janeiro, 550 mil toneladas em fevereiro e até o dia 24 de março mais 852 mil toneladas. Se continuarmos nessa progressão ultrapassaremos o volume do ano passado e poderemos chegar a 12 milhões de toneladas, consolidando o porto como o principal do Brasil para embarque de grãos”, explicou o superintendente.
Na última segunda-feira (30), cinco navios estavam atracados no cais comercial do Porto de Paranaguá, para receber mais de 330 mil toneladas de produtos como soja, farelo e milho. Outros doze navios estão ao largo aguardando para atracar e embarcar perto de 510 mil toneladas. Segundo o gerente da Companhia Brasileira de Logística (CBL), Washington Viana, a dragagem do Canal da Galheta foi um dos principais motivos que estimularam o aumento das exportações.
“A dragagem que está ocorrendo e as que estão programadas são muito importantes porque incentivam o redirecionamento de navios ao porto, com o aumento da profundidade virão navios com maiores capacidades. Para o embarque de soja isso representará um crescimento expressivo”, considerou o gerente da unidade. A exportação de soja pela CBL no Porto de Paranaguá deverá ter um aumento de 20%, em comparação ao ano passado, totalizando 1,8 milhão de toneladas do grão.
Pátio – Até o dia 24 de março a movimentação de caminhões no Pátio Público de Triagem dobrou, em relação aos meses anteriores. Estão chegando em média de 1.000 a 1.200 carretas por dia ao pátio, e deste total são encaminhados 300 e 350 caminhões para o terminal público de grãos.
“Em março, os três berços do Corredor de Exportação foram e continuam sendo ocupados diariamente com operações 24 horas. Hoje o volume de caminhões que recebemos corresponde a mais ou menos 40 mil toneladas/dia, sem contar os vagões com grãos que hoje são cerca de 50 a 60 vagões recebidos diariamente no silo público”, informou o chefe da Divisão de Silos da Appa, Luiz Antonio Borges da Silva.
Entre os meses de novembro de 2008 e fevereiro de 2009, os técnicos do terminal realizaram manutenções preventiva e corretiva nos equipamentos utilizados na recepção e embarque dos grãos. Para atender ao escoamento nesse ano, Appa conta com uma estrutura disponível para armazenar mais de um milhão de toneladas de grão.
Novo Controle – O superintendente da Appa destacou que a neste ano o silo público passa a contar com um novo sistema para controle de armazenamento, que substitui um antigo procedimento existente há 12 anos. “O novo sistema foi desenvolvido pela Celepar em software livre e disponibiliza on-line informações sobre a armazenagem dos grãos que pertencem a determinado exportador que tem seu saldo individualizado no silo. Este sistema soma-se ao conhecido sistema de controle de fluxo, denominado Carga on-line, que nos dá condições para fazer um giro diário de entre 1000 e 1.400 caminhões tranquilamente, sem a formação de filas de caminhões ao longo da rodovia em direção ao porto”, disse Souza.
Ele lembrou que antigamente os caminhões desciam para Paranaguá aleatoriamente, sem organização. Em 2003, o ex-superintendente da Appa, Eduardo Requião, determinou o ordenamento desse procedimento, trazendo maior tranqüilidade para todos, terminais e caminhoneiros. “As cargas que chegam ao Porto são direcionadas para determinado navio e isso acabou com as filas. Hoje a realidade é outra e as filas que eram exemplo de ineficiência foram superadas pela qualidade da gestão e das operações”.
Sem crise – A expectativa de crescimento das exportações de soja pela CBL contraria o pessimismo que a crise econômica internacional trouxe ao mercado. “A exportação brasileira de soja deverá manter o patamar de 23 milhões de toneladas embarcadas e o Porto de Paranaguá deverá alcançar níveis ainda maiores de exportação. Não há crise que supere a eficiência”, declarou o gerente da empresa Washington Viana.
Para o Paraná, a estimativa da Conab subiu de 26 milhões de toneladas, previstas em fevereiro de 2009, para 26,4 milhões de toneladas neste mês de março. Segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), esse aumento na expectativa da produção de grãos não foi suficiente para o Paraná recuperar a liderança de primeiro produtor nacional de grãos, colocação perdida para o Mato Grosso em fevereiro. Ainda assim, o Estado se destaca como o maior produtor de milho, feijão e trigo.
Ainda de acordo com a Seab, a expectativa para a produção de soja no Paraná também foi reavaliada de 9,9 milhões de toneladas no mês passado para 10,04 milhões de toneladas este mês. A soja foi beneficiada pelo retorno das chuvas e houve recuperação de lavouras em algumas regiões do Estado, como Guarapuava e Ponta Grossa.