O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente reeleito da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), demonstrou ceticismo quanto à assinatura do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. Após 25 anos de negociações, Lupion considera o tratado “morno” e com impacto limitado para o agronegócio brasileiro.
“Eles [europeus] não têm interesse mais no acordo. Para nós aqui, o tratado é morno, não ganha nem perde (…) Ninguém ganha nada com isso”, afirmou Lupion em entrevista ao Valor. O deputado também destacou que os protestos na França e em outros países europeus, assim como discordâncias entre membros do Mercosul, complicam a viabilização do tratado.
Oportunidades na Ásia e reciprocidade ambiental
Lupion enxerga uma onda protecionista crescente na Europa e nos Estados Unidos como uma oportunidade para o Brasil fortalecer relações com mercados asiáticos. Em janeiro, uma missão da FPA, com parlamentares e representantes do setor produtivo, visitará o Parlamento Europeu para tratar de interesses do agronegócio brasileiro.
Internamente, uma das prioridades da bancada é aprovar uma lei de reciprocidade ambiental e econômica, que exigirá padrões similares aos brasileiros para importações. “Precisamos defender nossos interesses, como eles defendem os deles”, frisou Lupion.
Pragmatismo e articulação na FPA
Reeleito para presidir a maior frente parlamentar do Congresso Nacional, com 356 membros, Lupion enfatizou que a FPA busca transcender disputas entre governo e oposição. Crítico da articulação política do governo Lula, ele reforçou a necessidade de pragmatismo para avançar em pautas convergentes.
“Temos dificuldades, mas nossas pautas têm apoio até de quem está com o governo. A FPA precisa trabalhar pelas pautas do setor, independentemente de ideologias”, destacou o deputado.
Nova liderança na Câmara
Após sua reeleição, Lupion e a bancada oficializaram apoio ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) como candidato à presidência da Câmara. O atual mandato de Lupion, que se encerraria em 2025, foi estendido até 2027, após alteração no estatuto da bancada. Segundo o deputado, sua permanência é estratégica para consolidar pautas do setor agropecuário no Congresso Nacional.