A concentração das unidades produtivas nas mãos de investidores – que buscam escala e lucratividade – torna o agronegócio mais agressivo no celeiro agrícola da Europa, a França. E as cooperativas reforçam essa tendência ao apostarem na agroindustrialização como forma de ganhar mais expressão econômica. Há mais capital em jogo e, assim, maior pressão sobre as questões político-econômicas.
A produção cresceu 10% na última década e o desafio no campo, agora que as “últimas” áreas passaram a ser aproveitadas, é continuar evoluindo em produtividade, relata Vincent Magdelaine, diretor da Coop de France. Investimentos em pesquisas tentam driblar problemas como o estresse hídrico, atenuando os efeitos do clima, cada vez mais oscilante.
As cooperativas envolvem de 10 a mais de 1 mil produtores e coletam 75% dos cereais. A meta geral é potencializar essa participação e poder de barganha, relata o executivo. A própria capacidade de armazenagem – que beira 50 milhões de toneladas – passa por ampliação, relata.
Enquanto a Coop de France lida com as questões coletivas, as próprias cooperativas se encarregam de ampliar a estrutura agroindustrial e explorar novos negócios. A Agrial, por exemplo, quer superar em 2011 os números recordes do ano passado. Com faturamento de 2,26 bilhões de euros, o grupo teve seu melhor lucro líquido – 34,4 milhões de euros – em 2010. E 28% dos negócios vêm de um ramo que os brasileiros exploram pouco, a produção e fornecimento de legumes prontos para o consumo, em embalagens padronizadas. Nessa ala, trabalham 53% dos empregados. Enquanto expande esse negócio, o grupo explora ainda os mercados de máquinas agrícolas, sementes, insumos e bebidas.
O faturamento atingiu um patamar que permite à Agrial, pelo segundo ano consecutivo, cobrir os investimentos, que totalizam 57 milhões de euros em 2011, conforme do diretor financeiro do grupo, Philippe Galou. Nos últimos dois anos, cerca de 50 milhões de euros dos lucros foram destinados ao pagamento de financiamentos ligados aos planos de expansão.