Produtores de carne suína comemoram os bons preços dos últimos dias. O valor da arroba, que chegou a ser comercializado no primeiro semestre por R$ 38, agora está valendo R$ 56. A falta de animais no mercado diminuiu a oferta e valorizou o produto. A tendência é de que os preços continuem subindo.
A granja do produtor Pedro Toselo, localizada em Limeira, interior paulista, tem sete mil suínos. Pressionado pelo alto custo de produção, ele vem não só antecipando a venda desde março, mas comercializando cada animal em média com dez quilos a menos. Esta foi a solução encontrada para gastar menos com a ração.
“O produtor estava querendo se ver livre do porco para gastar menos ração, menos milho. Então começou a desovar, vender os animais mais leves. Isto aconteceu de fevereiro a junho e o preço foi caindo, caindo, chegou a R$ 38 a arroba. E agora estamos enfrentando a falta de animais. Eles foram abatidos e não tem mais oferta. Então o preço começou a subir”, relata o suinocultor.
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), aponta outro motivo para falta de animais no mercado: as exportações de carne suína, que em janeiro, mesmo com o embargo da Rússia, cresceram 18%, enxugando o mercado interno.
“A demanda externa, com o embargo dos russos, as empresas se apressaram em vender a carne. Então, ao contrário do que a gente previa, as exportações aumentaram. Aumentaram no total e o grande responsável foi a Rússia, pra lá aumentaram 60%”, observa a pesquisadora do Cepea, Camila Ortelan.
A demanda, segundo ela, deve aumentar no segundo semestre. O setor está se mobilizando para melhorar as condições de mercado.
“A tendência agora no inverno é o aumento da demanda também. Desde associação de produtores até de supermercados estão se mobilizando para oferecer uma carne mais barata para o consumidor e tentar aumentar a demanda. A carne suína é a mais consumida no mundo e no Brasil é a menos consumida. Então até o final do ano a gente espera que haja uma melhora no mercado suíno”, complementa.
“Nós precisaríamos de preços altos por mais cinco ou seis meses para poder recuperar aquele prejuízo do primeiro semestre, que foi muito grande. Isso porque um porco tava dando de R$ 60, R$ 70, R$ 80 de prejuízo por animal”, comenta Toselo.