A China sustenta que já abriu seu mercado para a carne brasileira e agora cobra acesso para seus produtos agrícolas no Brasil. O vice-ministro de agricultura, Niu Dun, disse que, se cada chinês comer um quilo a mais de carne, o Brasil não terá como atender à demanda. Segundo ele, o consumo chinês per capita é de 50 quilos por ano, comparado a 200 em outros paises. E foi incisivo quando indagado pelo Valor. “Por favor, diga que queremos exportar produtos agrícolas, temos o que vender”. Os chineses querem exportar frutas, carne processada e até tripas.
Segundo exportadores brasileiros, as vendas de carne bovina e de frango começaram, mas persistem travadas pela burocracia chinesa. E as de carne suína seguem bloqueadas. Para Dun, se o Brasil não está exportando mais é porque “é distante demais” comparado a fornecedores mais próximos, como a Austrália. “O certo é que o Brasil pode exportar, não é como EUA e União Europeia, que têm a doença da ‘vaca louca’ (ver página B12)”, acrescentou, esclarecendo que não há problemas sanitários com o produto brasileiro.
Ele disse que a China quer importar mais soja do Brasil. E, brincando, afirmou que o que mais gostaria de comprar do Brasil era “água fresca e terra arável, que vocês têm demais”. Ele lembrou que empresas chinesas estiveram no Brasil em 2008 para avaliar a compra de terras. Aparentemente nada foi fechado e ele não vê movimentos nessa frente no momento. A delegação chinesa na conferência ministerial da OMC enfatiza o combate ao protecionismo. A China elevou sua capacidade industrial em áreas como siderurgia, alumínio, cimento e químico, e teme o aumento de barreiras no exterior.