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Infraestrutura

China nos trilhos

<p>China terá 13 mil quilômetros de ferrovias até 2012. Até 2020, a extensão total da malha ferroviária chinesa aumentará em 50%.</p>

Enquanto o Brasil se prepara para construir 530 quilômetros de trem de alta velocidade entre Rio e São Paulo, a China prepara uma malha 25 vezes maior, com 13 mil km, no maior programa do gênero no mundo.

Os 13 mil km deverão estar concluídos em 2012 e terão trens com velocidade igual ou superior a 200 km/h – o trem entre Rio e São Paulo deverá andar a 300 km/h. Até 2020, a extensão total da malha ferroviária chinesa aumentará em 50%, passando dos atuais 80 mil km para 120 mil km, incluindo trens rápidos e convencionais, preveem os planos de Pequim.

O programa elevará a capacidade de transporte de passageiros e de carga e acabará com um dos principais gargalos para a manutenção do alto ritmo de crescimento do país. Estudo do Banco Mundial indica que o sistema ferroviário chinês é o mais sobrecarregado do mundo, com movimento por quilômetro duas vezes maior que o indiano e um terço superior ao russo, os dois países que aparecem em seguida no ranking.

O setor foi o que menos cresceu nas últimas três décadas, quando a expansão média da China girou em torno de 10% ao ano. As estatísticas oficiais mostram que o PIB do país aumentou 67,5 vezes de 1978 a 2007. No mesmo período, a capacidade dos portos cresceu 18,6 vezes, o transporte aéreo, 14,7 vezes, a extensão das rodovias, 3 vezes, e a das ferrovias, apenas 0,5 vez – eram 51.700 km em 1978 e 78 mil km em 2007.

Malha global – A China responde por 25% do movimento de trens em todo o mundo, mas possui 6% da malha global, o que faz com que o sistema opere no limite em momentos de pico.

Como a expansão do sistema ferroviário não acompanhou a velocidade de crescimento do país, os trens perderam fatia de mercado para outros sistemas de transporte de passageiros e de carga menos competitivos, aponta o Banco Mundial.

Em 1994, as ferrovias levavam 55% da carga e 43% dos passageiros dentro da China, porcentuais que caíram para 45% e 38%, respectivamente, em 2006. Além de ser mais barato, o transporte ferroviário é menos poluente e mais seguro que o aéreo e o terrestre, ressalta a instituição. É por isso que o setor foi o mais beneficiado pelo pacote de estímulo de US$ 585 bilhões anunciado pelo governo de Pequim em novembro. Vários projetos saíram do papel, enquanto outros tiveram seus cronogramas acelerados.

Investimento – Só neste ano será investido 1 trilhão de yuans na expansão e melhoria do sistema, mais que o dobro dos 417 bilhões de yuans usados no ano passado. O valor equivale a US$ 146,4 bilhões e é 10 vezes superior aos US$ 14 bilhões estimados como custo do trem rápido entre Rio e São Paulo pela empresa de consultoria britânica Halcrow, contratada pelo governo brasileiro.

A cifra também empalidece o investimento anual nas ferrovias brasileiras, que alcançou R$ 2,74 bilhões em 2007 (em valores não atualizados), de acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres. Pelo câmbio da época, isso representa cerca de US$ 1,5 bilhão.

Para o próximo ano estão previstos investimentos de 1 trilhão de yuans. Até 2020 os recursos destinados ao setor deverão alcançar 5 trilhões de yuans (US$ 732 bilhões), cifra que supera o pacote de estímulo de novembro.

O Banco Mundial diz que o programa de expansão das ferrovias chinesas é o maior já realizado no mundo desde o século 19, quando os trens eram o principal meio de transporte humano.

Com a elevação da malha para 120 mil km em 2020, a China ultrapassará a Rússia e terá a segunda maior extensão de linhas do mundo, atrás apenas dos EUA, que têm 230 mil km. O Brasil possui 30 mil km de ferrovias, menos que a Argentina, que tem um território equivalente a um terço do brasileiro.

Dos 13 mil km de trens rápidos, pelo menos 4 mil km terão velocidade de 250 km/h ou mais, equivalente a 40% da malha do gênero existente hoje em todo o mundo, segundo dados da União Internacional de Ferrovias.

O transporte de carvão, que responde por 70% da matriz energética chinesa, ganhará 10 mil km dos 40 mil km planejados pelo governo, ressalta o analista Peter Zhao, da consultoria China Research and Intelligence.

Zhao estima que o investimento de 1 trilhão de yuans no setor ferroviário em 2009 criará 6 milhões de empregos, além de gerar demanda por 120 milhões de toneladas de cimento e 20 milhões de toneladas de aço. Nos últimos 12 meses encerrados em maio, o Brasil produziu um total de 28 milhões de toneladas de aço bruto.