O vice-ministro da Agricultura de Cuba, Alcidez López, afirmou ontem (06/10) que o embargo econômico norte-americano à ilha caribenha inviabiliza a produção interna de carne de frango, e obriga o país a importar. “Tivemos que deixar de produzir a carne de frango. Importá-la nos custa US$ 5,7 milhões ao ano”, disse López em entrevista coletiva.
Segundo o vice-ministro, a impossibilidade de acessar tecnologia norte-americana ou de outros países com componentes norte-americanos privou a indústria cubana de desenvolver a produção interna.
O presidente da estatal cubana Alimport, Pedro Alvarez, informou que em 2008 foram gastos US$ 600 milhões na compra de frangos. A compra foi efetuada devido a uma emenda ao embargo aprovada em 2000 que permite aos Estados Unidos exportar produtos agrícolas a Cuba. “O pagamento é adiantado. São condições que não se aplicam a ninguém. O que esperamos é que as relações sejam normais. Este bloqueio cruel é uma sanção ao povo cubano”, avaliou o vice-ministro da Agricultura.
Cuba importa 80% dos alimentos que consome. Só em 2008, o governo gastou US$ 2,5 bilhões na cobra de produtos alimentícios do exterior. A importação de frangos criados nos Estados Unidos passou de 2.977 toneladas em 2001 para 143,7 mil toneladas em 2008. As compras fizeram de Cuba o quinto maior destino das exportações de carne de frango dos Estados Unidos, ficando atrás somente de China, Rússia, México e Iraque. Nos últimos dez anos, o consumo per capto de carne de frango em Cuba praticamente dobrou.
Segundo López, o dano direto e indireto causado na agricultura cubana pelo embargo mantido pelos Estados Unidos desde 1962 foi de US$ 149 milhões entre abril de 2008 e março de 2009. O tabaco, principal produto de exportação da ilha caribenha, foi o que mais sofreu no setor agrícola, registrando perdas de US$ 93,2 bilhões anuais.
A criação suína e a avicultura também sofrem os impactos do bloqueio imposto por Washington. Cuba calcula que em dezembro de 2008 os danos do embargo foram de US$ 96 bilhões.