Crescem as manifestações internacionais e nacionais em favor da mudança de nome da gripe iniciada recentemente no México. No mesmo dia (28) em que a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS) enviou ofício à Organização Mundial da Saúde (OMS) pedindo a mudança de denominação da gripe, que erroneamente vem sendo chamada de “suína”, o secretário de Agricultura dos EUA, Tom Vilsack, divulgou uma nota em que chama o evento de “gripe H1N1”.
“Não se trata de uma questão de saúde animal ou de segurança dos alimentos. A descoberta do vírus da gripe H1N1 deu-se em humanos. Qualquer restrição é inconsistente com as diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Vilsack também diz que “não é necessária a introdução de medidas específicas no comércio internacional de suínos ou de seus produtos, nem os consumidores de produtos suínos estão sob risco de infecção”.
Veterinários da Embrapa-Concórdia, em nota técnica sobre a “influenza norte-americana”, divulgada em 27 de abril, também falam em “gripe H1N1”. A Embrapa destaca que o H1N1 “apresenta potencial de transmissão direta entre humanos e que foi detectado em humanos”.
A Abipecs continua em seus esforços para que autoridades nacionais e internacionais e a mídia brasileira e estrangeira usem outra denominação para a gripe, deixando de tratá-la como “suína”. Para o presidente da ABIPECS, Pedro de Camargo Neto, “a batalha que se trava neste momento é contra a desinformação. O suíno paga o preço do nome incorreto dado à gripe”.
Nota da Embrapa
O surto de influenza observado inicialmente no México, depois nos Estados Unidos, Canadá e, mais recentemente em países da Europa é causado por um vírus cuja origem ainda é incerta, mas que apresenta potencial de transmissão direta entre humanos e que foi detectado em humanos.
Trata-se de um novo vírus denominado “A/California/04/2009 (H1N1)” que contém segmentos genômicos de 4 tipos diferentes de vírus influenza: vírus suíno Norte Americano (pelo menos 80% do genoma), vírus aviário Norte Americano, vírus humano Norte Americano e vírus suíno da Eurásia (Tailândia). Contudo, ainda não está claro se o vírus originou-se de suínos, como essa combinação ocorreu e se as pessoas foram infectadas inicialmente por contato com suínos.
Dúvidas mais frequentes:
1- Esta amostra está presente no Brasil?
Não. É importante salientar que é normal a presença do vírus influenza na produção animal, o que normalmente não causa danos de produção nem de saúde pública. Por exemplo, em trabalhos realizados pela Embrapa Suínos e Aves foi identificada a amostra de vírus do subtipo H1N1. Este vírus não está relacionado com o agente que está causando o presente surto em humanos em outros países. Portanto, no momento, a possibilidade de humanos serem infectados por suínos, no Brasil, inexiste.
2- Há risco de humanos contraírem a infecção pelo consumo de carne suína?
Não. De qualquer forma, sempre é prudente que toda carne seja cozida/assada adequadamente antes do consumo, visando reduzir a possibilidade de quaisquer infecções. Convém ressaltar que o vírus da influenza suína é inativado com temperaturas superiores a 70°C.
3- Quais os riscos do novo subtipo A/California/04/2009 (H1N1) chegar ao Brasil?
Atualmente acredita-se que o principal risco da introdução do novo subtipo no país é por meio do contágio direto com pessoas infectadas. Por este motivo é extremamente importante que haja um eficiente monitoramento da entrada de pessoas vindas dos países onde há casos humanos registrados. Já os rebanhos suínos nacionais não colocam em risco a saúde pública em relação à presença deste novo vírus, uma vez que os mesmos não estão infectados.
4- Qual a contribuição da Embrapa?
A Embrapa Suínos e Aves vem desenvolvendo projetos de pesquisa visando melhor entendimento da ocorrência e comportamento de diferentes agentes virais, dentre eles o da Influenza Suína, no rebanho comercial nacional. A avaliação da presença do vírus da influenza em suínos no Sul e Sudeste do Brasil está publicada na homepage da Unidade (www.cnpsa.embrapa.br . Porém, ressaltamos que os subtipos detectados nestes trabalhos diferem do novo subtipo que vem causando o problema de saúde pública em diversos países.
Além disso, duas Pesquisadoras da Unidade (Janice Zanella e Rejane Schaefer) estão liderando um projeto de pesquisa que visa melhor caracterização dos subtipos de vírus existentes no rebanho suíno. Há ainda o envolvimento da Pesquisadora Janice Zanella em projeto de influenza suína do USDA nos Estados Unidos, o que tem possibilitado a troca de experiências entre as duas Instituições de Pesquisa, e surge agora como oportunidade para estabelecer-se um Consórcio de Pesquisa de ampla abrangência, considerando o problema que se apresenta.
Responsável Técnico: Paulo Augusto Esteves
Informações da Assessoria de Imprensa da ABIPECS e Embrapa Suínos e Aves