Empresas de alimentos e transportes dos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) estão preocupadas com a decisão da Rússia de proibir por um ano a importação de alimentos dos Estados Unidos, da União Europeia, do Canadá, da Austrália e da Noruega. Os três países fazem parte do bloco e boa parte de suas exportações de alimentos tem como destino a Rússia. A proibição, anunciada na quinta-feira (7/8) é uma retaliação a sanções do Ocidente e envolve carne bovina, carne suína, frutas, vegetais, aves, peixes, queijo, leite e outros derivados de leite.
A Food Union, maior empresa de lácteos da Letônia, classificou a decisão como “desagradável” e afirmou que ainda está avaliando as possíveis consequências. Cerca de 21% das suas vendas totais são para a Rússia. De acordo com dados compilados pela mídia local, as exportações de produtos agrícolas e alimentícios da Letônia para a Rússia somaram 75 milhões de euros no primeiro trimestre de 2014, cerca de 3,1% do total exportado naquele período.
Segundo Didzis Smits, presidente da União da Indústria de Processamento de Pescados da Letônia, dos 150 milhões de euros que o setor exporta por ano, entre 50% e 60% vão para a Rússia. Caso as exportações de pescados sejam completamente suspensas, Smits afirmou que cogita pedir à União Europeia para mudar as regras de distribuição de fundos para a indústria. Ele também pretende pedir ao governo desonerações fiscais temporárias para cerca de 20 empresas envolvidas, para que não seja necessário demitir seus funcionários.
O setor de transportes dos três países, que leva grandes quantidades de produtos da Europa Ocidental para a Rússia, também está preocupado. Gytis Vincevicius, porta-voz da Linava, a associação lituana das transportadoras rodoviárias internacionais, disse que o transporte de refrigerados pode ser o mais afetado pelo embargo russo. O segmento representa 40% das receitas geradas com transportes para a Rússia, que, por sua vez, chegam a 1 bilhão de euros. De acordo com Vincevicius, uma alternativa para as cerca de 650 empresas do setor na Lituânia seria passar a entregar produtos com origem fora UE, como os da América Latina.
O primeiro-ministro da Estônia, Taavi Rõivas, declarou que o governo está disposto a apoiar empresários que procuram novos mercados. “Os sinais de que o mercado russo não é tão seguro quanto a UE estão aí desde os anos 1990”, disse, referindo-se à crise que atingiu a Rússia no fim daquela década e afetou a economia estoniana. Atualmente, os russos absorvem 10% das exportações totais da Estônia e quase 20% das exportações de alimentos.