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ECONOMIA

Entenda as possíveis consequências do pacote econômico de Milei

Economistas de correntes divergentes explicam o que pode ocorrer

Entenda as possíveis consequências do pacote econômico de Milei

O governo do presidente Javier Milei, na Argentina, anunciou um pacote econômico que provavelmente terá impactos significativos e imediatos na maioria da população.

Para o economista André Roncaglia, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as medidas propostas representam uma “terapia de choque” que impõe um alto custo à sociedade argentina, baseando-se em um diagnóstico teórico equivocado. Ele alerta que a abordagem do governo, ao tratar o déficit fiscal como causa, pode resultar em uma recessão severa.

Por outro lado, o professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais Mauro Sayar tem uma perspectiva diferente. Ele argumenta que medidas rigorosas são necessárias para combater o déficit público e acredita que os efeitos negativos podem ser mitigados pelos aumentos nos benefícios sociais anunciados pelo governo.

As análises divergentes refletem as diferentes correntes de pensamento econômico dos professores, com Roncaglia identificado com a abordagem heterodoxa e desenvolvimentista, enquanto Sayar está alinhado com o pensamento liberal.

Quanto às medidas, o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, atribui todos os problemas econômicos do país ao déficit fiscal e propõe uma abordagem oposta para solucionar esse problema. As ações incluem a redução de subsídios, desvalorização da moeda, corte de ministérios e secretarias, cancelamento de obras públicas e taxação de importação e exportação.

Roncaglia expressa preocupação de que tais medidas possam aumentar a inflação, prejudicando a maioria da população, enquanto Sayar acredita que o ajuste fiscal é necessário para equilibrar as contas públicas e fortalecer a economia.

Em relação ao impacto social, Roncaglia enfatiza que as medidas podem sobrecarregar as massas populares, enquanto Sayar argumenta que a população mais rica pode não sentir os mesmos efeitos negativos.

A divergência de opiniões se estende à possibilidade de recuperação econômica após a “terapia de choque”, com Roncaglia expressando incerteza sobre a capacidade das medidas de atrair dólares.

Embora o FMI tenha elogiado as medidas de Milei como potencialmente estabilizadoras para a economia, movimentos sociais e sindicais argentinos prometem protestos contra o pacote de austeridade fiscal, e o governo sinalizou o uso das Forças Armadas para conter manifestações que prejudiquem a circulação de pessoas e mercadorias.