A recente redução do número máximo de trabalhadores estrangeiros temporários permitidos nos setores de processamento de carne e pecuária no Canadá, de 30% para 20%, está gerando preocupações significativas na indústria suína. O Canadian Pork Council (CPC), o Canadian Meat Council e dois grupos de pecuária do país apelam ao governo federal para que restaure o Roteiro de Solução de Força de Trabalho do Programa de Trabalhador Estrangeiro Temporário, implementado há dois anos para combater a crítica escassez de mão de obra.
Redução Sem Consulta
A mudança, feita sem consulta prévia à indústria, reduziu o limite de trabalhadores estrangeiros temporários em setores cruciais. Segundo o CPC, os trabalhadores estrangeiros temporários não são responsáveis pela crise habitacional enfrentada pelo país, já que geralmente recebem moradia providenciada pelos empregadores em fazendas ou fábricas de processamento.
Com a escassez de moradias e muitas pessoas vivendo em condições precárias em cidades canadenses, a decisão do governo é questionada, especialmente em vista do plano de permitir a entrada de 500.000 imigrantes em 2025.
Desafios e Impactos
O novo limite máximo visa ajudar as pessoas que já estão no Canadá a conseguir empregos. Contudo, muitos empregadores no setor agrícola e de processamento de carne afirmam que não conseguem preencher as vagas com a mão de obra local disponível, devido às condições de trabalho difíceis e salários considerados baixos.
Para contratar trabalhadores estrangeiros temporários, os empregadores devem realizar uma avaliação de impacto no mercado de trabalho, demonstrando a falta de candidatos locais. Em 2022, a validade dessas avaliações foi estendida para 18 meses, mas foi recentemente reduzida novamente, aumentando os custos e a burocracia para os empregadores.
Consequências na Produtividade e Competitividade
O CPC destaca que as mudanças, implementadas sem consulta à indústria, já afetam negativamente a produtividade, competitividade e produção de alimentos no Canadá. René Roy, presidente do CPC, alerta que a escassez de trabalhadores no setor de transformação pode impedir os produtores de enviar seus produtos ao mercado, gerando incertezas para produtores e consumidores.
“Cada vaga de emprego em nossos celeiros, instalações de processamento e cadeia de suprimentos impacta desproporcionalmente as áreas rurais, onde já faltam pessoas para preencher esses postos”, afirma Roy. “Precisamos recrutar novos canadenses para essas regiões, mas a incerteza criada pelas mudanças prejudica nossos esforços de atração para a indústria.”
A situação ressalta a necessidade urgente de soluções viáveis para a escassez de mão de obra, garantindo a estabilidade e o crescimento do setor suinícola canadense.