Inserir produtos do Polo Industrial de Manaus (PIM) e incrementar o comércio de artigos da biodiversidade Amazônica são algumas possibilidades de negócios criados com a visita ao Amazonas de uma comitiva de diplomatas de 15 países árabes encerrada na última quinta-feira.
Os embaixadores ficaram interessados em produtos alimentícios, matérias-primas para cosméticos e produtos farmacêuticos. Castanha, óleos e essências despertaram grande curiosidade da comitiva, que em Manaus teve encontros de trabalho com o governador Omar Aziz, empresários na Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) e Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). “O nome Amazônia desperta grande interesse em todo o mundo Árabe e há espaço para crescer o comércio com essa região”, avalia o Diretor-Geral da Câmara Árabe-Brasileira de Comércio, Michel Alaby.
As melhores possibilidades estão nos produtos alimentícios, como frutas regionais, concentrados e doces. Do Brasil, por exemplo, os árabes são grandes compradores de milho, soja, açúcar, café, frango e carne bovina. Essa é uma carteira que pode aumentar com os produtos amazônicos.
Intercâmbio – Sobre a Zona Franca, por exemplo, Alaby revela que foram feitas tratativas para que sejam realizadas atividades de divulgação nos países árabes com intuito de formalizar acordos comerciais, trocar informações e experiências com zonas francas locais. Tudo será com objetivo de inserir o PIM num mercado consumidor por excelência, pois quase todos os bens de consumo e de transformação necessários aos habitantes do Oriente Médio são importados.
Nesse aspecto, os embaixadores avaliaram que será preciso crescer o grau de competitividade dos produtos “Made in Zona Franca de Manaus”, que enfrentarão chineses e indianos nos equipamentos de média tecnologia e da Europa e Estados Unidos, quando estão em jogo produtos de alta tecnologia.
Michel Alaby chama atenção também para o fato de que em quase todo o mundo árabe existe uma loja de origem inglesa chamada BodyShop que faz muito sucesso comercializando cosméticos, cremes, batons e loções supostamente com matérias-primas da Amazônia. “A propaganda deles é de que são produtos da Amazônia, comprados dos índios Ianomâmis”, conta o dirigente da Câmara.
Comércio hoje – Atualmente o intercâmbio comercial entre árabes e o Amazonas é muito pequeno, não chega a R$ 200 milhões ao ano e está circunscrito a lâminas de barbear compradas pela empresa Gillete de fornecedores do Egito. No passado havia também uma exportação de cerâmica da indústria IASA, mas foi descontinuada.
Um nicho que também despertou atenção da comitiva de embaixadores é a de produtos madeireiros. Anualmente eles compram de indústrias paranaenses R$ 300 milhões das chamadas madeiras duras.
Michel Alaby – Diretor-Geral da Câmara Árabe-Brasileira de Comércio
Qual o tamanho do comércio entre Brasil e os países Árabes?
Os negócios entre o Brasil e os Países Árabes cresceram muito durante o governo do presidente Lula. No ano passado o Brasil vendeu US$ 12,9 bilhões e comprou, basicamente porque depende de petróleo e fertilizantes, US$ 9,6 bilhões. Para este ano a previsão é de vender US$ 16 bilhões e comprar US$ 12,5 bilhões.
Qual a nossa pauta de exportação na relação com os árabes e onde o Amazonas pode se inserir?
Veja, 80% da nossa pauta é constituída de alimentos. Os Árabes compram muito frango, carne bovina, café, soja, milho. Fora disso também compram muito minério e recebem investimentos em infra-estrutura, há muitas construtoras brasileiras trabalhando em países do Golfo em obras de infra-estrutura. As melhores oportunidades para o Amazonas estão nessa área, com alimentos e sucos.
A Câmara tem fomentado o incremento desse comércio?
Sim. Vamos completar 60 anos e temos ajudado. A Câmara fica em São Paulo e tem sucursais em Curitiba e na Bahia.
Poderia criar uma aqui no Amazonas, uma vez que temos uma grande colonia árabe?
Sim, claro. O próprio governadort (Omar Aziz) é descendente de árabe e um dos candidatos a prefeito é também descendente não é? Hissa (Abrahim, vereador).