Com rápido avanço na última semana, a colheita de grãos dos Estados Unidos confirma que as lavouras se recuperaram bem após a seca registrada entre agosto e setembro, mas a produtividade não endossa as projeções otimistas que estão reduzindo os preços na Bolsa de Chicago. Os relatos de produtores e técnicos ouvidos nos últimos dez dias pela Expedição Safra Gazeta do Povo indicam que o país deve colher 345 milhões de toneladas de milho e 85 milhões de toneladas de soja nesta temporada, com perda expressiva que soma 40 milhões de toneladas nas duas culturas.
A Expedição Safra, projeto do núcleo de Agronegócio do jornal Gazeta do Povo que existe há sete temporadas, viajou 2 mil quilômetros pelos estados de Illinois, Indiana, Iowa e Nebraska, que concentram 44% do cultivo de soja e milho dos Estados Unidos. A sondagem teve apoio de técnicos brasileiros e norte-americanos.
A colheita chega à metade da área plantada sob um apagão de dados oficiais, conferiu o levantamento técnico-jornalístico. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) não vem divulgando relatórios sobre as lavouras nem sobre a oferta e a demanda, devido à paralisação dos serviços público que estão sem orçamento. Embora estejam atrasadas em relação ao ano passado, as colheitadeiras avançam em ritmo próximo das médias históricas. Normalmente, nesta época, 40% das lavouras de milho e 60% das plantações de soja já estão colhidas.
Colheita armazenada
A Expedição Safra 2013/14 apurou quebra de 10% no milho e 5% na soja em relação ao potencial inicialmente estimado para as lavouras. Mesmo com esse recuo, os índices de produtividade representam uma boa surpresa para os produtores, num ciclo que começou com muita chuva e teve seca de até quatro semanas. Mas a safra não está sendo vendida.
Diante do recuo nos preços registrado durante a safra, principalmente no milho, os produtores norte-americanos estão mandando os grãos direto para os armazéns. Na Bolsa de Chicago, os técnicos entrevistados na última semana avaliam que somente de 10% a 15% da colheita de milho e soja foram negociados. No campo, os produtores afirmam que só devem entregar parcela significativa da produção se os preços subirem.
O milho caiu abaixo de US$ 6 por bushel (R$ 32 por saca de 60 quilos) em 2012 e segue em US$ 4,3 (R$ 23/sc) em Chicago (-28%). A soja voltou a se aproximar de US$ 14 por bushel (R$ 70/sc) entre agosto e setembro deste ano, mas agora segue valendo perto de US$ 12,7/bu (R$ 64/sc) na bolsa (-9%).
“A estratégia de negociação adotada até o momento é arriscada, porque a colheita brasileira começa em menos de três meses. Com uma oferta ampliada, dependendo do clima, os preços internacionais não devem retomar os patamares elevados atingidos em 2012”, avalia Giovani Ferreira, coordenador da Expedição Safra.
Brasil
Com uma colheita regular, os Estados Unidos recuperam espaço, mas isso não impede expansão do Brasil no mercado internacional da soja. Com uma safra recorde em fase de plantio, as lavouras brasileiras devem render 90 milhões de toneladas. O país poderá superar os EUA em 5 milhões de toneladas nas exportações da oleaginosa, embarcando 42,5 milhões (t).
No milho, por outro lado, o Brasil deve exportar menos, com recuo de 24,5 milhões para 19 milhões de toneladas, estima a Expedição Safra. No ano passado, o país teve recorde nos embarques do cereal aproveitando um ano de seca histórica nos Estados Unidos.
Na próxima semana, a Expedição Safra inicia o monitoramento do potencial da safra de verão no Brasil, percorrendo os estados do Paraná e do Mato Grosso. As viagens e reportagens da temporada 2013/14 seguem até o primeiro semestre de 2014. Para mais informações, acesse: www.expedicaosafra.com.br.