Os preços agrícolas globais deverão ter forte retração neste ano, uma vez que produtores em todo o mundo estão expandindo produção, trazendo estabilidade de volta aos mercados e reduzindo os temores com a inflação dos alimentos, previu o governo norte-americano nesta quinta-feira (23).
Depois de dois anos de forte queda nos estoques, a oferta global, liderada pelo trigo, está se recuperando, apontou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
“Certamente, os altos preços que vimos no ano passado estimularam uma resposta da produção global da maioria das commodities”, disse o economista-chefe do USDA, Joe Glauber, em conferência anual.
Os preços do milho, importante termômetro para os produtores, podem recuar 20% neste ano para cerca de 5 dólares por bushel, enquanto a receita agrícola pode diminuir 11,5%, previu o USDA.
Ainda há um número de incertezas nas projeções, observou Glauber, citando preocupações com a seca atingindo lavouras da América do Sul e no sul dos Estados Unidos.
O clima, particularmente no Texas, “será uma preocupação chave neste ano”, disse.
Apesar das projeções de preços mais baixos, os cultivos das oito principais safras dos EUA estão previstos para crescer 2,2%, para 254,4 milhões de acres ante 2011.
Esta seria a maior área semeada com trigo, milho, sorgo, cevada, aveia, arroz, soja e algodão desde os 258,6 milhões de acres de 1997, outro período de forte expansão para a agricultura norte-americana.
A estimativa do USDA foi elevada em 1,3% ante a projeção feita anteriormente no início de fevereiro, devido ao incremento do plantio da soja e do trigo.
O plantio de soja deverá atingir 75 milhões de acres, estável ante 2011, mas crescimento de 1 milhão de acres na comparação com a avaliação anterior.
Os produtores vão semear 94 milhões de acres com milho, suficiente para produzir uma safra de 14 bilhões de bushels, projetou o USDA. O plantio deve superar em 2 milhões de acres a área do ano passado. A oferta extra ajuda a recompor os estoques de milho, juntamente com o desaquecimento da demanda pelo etanol.
“O desaquecimento da demanda para o etanol significa que os estoques de milho provavelmente aumentarão em 2012, assumindo o retorno à tendência das produtividades”, disse Glauber.
A exportação agrícola dos Estados Unidos são previstas para cair US$ 1 bilhão, para US$ 131 bilhões neste ano, mas ainda assim será a segunda maior já registrada. O governo dos EUA prevê uma redução de 15% nas exportações para China.