Prejudicadas pelo aumento expressivo dos custos e pela queda na demanda, as companhias processadoras de frango resistem em reduzir a produção nos Estados Unidos. Algumas admitem desacelerar, desde que as concorrentes façam o mesmo. Até agora, nenhuma das grandes – Tyson Foods Inc., Pilgrim’s Pride Corp. e Sanderson Farms Inc. – fez menção de dar o primeiro passo.
A oferta de carne de frango está muito alta no país e tem prolongado um ciclo de baixa que ameaça reduzir as margens de lucro em 2011. Analistas têm advertido a respeito da superoferta desde o ano passado. Mas o número de ovos incubados, um indicativo da oferta futura, continuou a aumentar até recentemente.
Tyson e Pilgrim’s Pride, que juntas respondem por mais de 40% da indústria, travaram o custo dos grãos por vários meses, o que lhes dá pouco incentivo para reduzir a produção. Ainda assim, a Pilgrim’s – controlada pelo grupo brasileiro JBS – informou recentemente um prejuízo trimestral de US$ 120,8 milhões, maior que o esperado, em parte por causa da elevação do preço dos grãos. Os altos estoques da empresa também contribuíram para o resultado negativo.
A Sanderson Farms não trava custos futuros e até mesmo expandiu a produção ao abrir uma nova unidade na Carolina do Norte, em janeiro. Embora representantes da companhia tenham dito que a época era ruim, eles não estavam dispostos a colocar anos de planejamento em banho maria.
“Não creio que alguém alguma vez cortou a produção pelo bem da indústria”, disse Mike Cockrell, executivo-chefe da Sanderson Farms.
A empresa deve informar grande prejuízo trimestral na próxima semana, mas aposta em seu baixo endividamento para ultrapassar este ciclo de baixa de forma satisfatória.
A Tyson Foods, uma das poucas a manter-se rentável no setor de frango, espera que a demanda melhore por causa do aumento dos preços da carne bovina e suína. Mas o executivo-chefe da Pilgrim’s Pride, Bill Lovette, disse que a expectativa de que os consumidores troquem uma carne pela outra tem prolongado o problema, já que as empresas adiam a redução da produção à espera da melhora do consumo.
No primeiro trimestre deste ano, a produção de carne de frango nos EUA aumentou 6,4%, para 9,29 bilhões de libras-peso (4,21 milhões de toneladas). Os preços caíram para US$ 0,779 por libra-peso, ante US$ 0,822 na mesma época do ano passado. O país produz 9 bilhões de cabeças de frango por ano.
Lovette disse que se a demanda continuar fraca, algumas empresas começarão a reduzir a oferta de forma mais agressiva. Ele estima que a produção deve recuar 1% no terceiro trimestre e até 4% no quarto trimestre.
A questão principal para a indústria de frango neste momento é o clima no Cinturão do Milho nos EUA. O excesso de umidade atrasa o plantio e ameaça a produtividade da próxima safra. Isso complica ainda mais a situação do setor, já que os estoques do grão no país são os mais baixos em 15 anos. Na Bolsa de Chicago, a cotação do milho acumula alta de 87% nos últimos 12 meses.
“Todas as apostas em indústrias processadoras de animais estão fora de questão até termos uma ideia do tamanho da safra de milho”, comentou Paul Aho, economista da consultoria Poultry Perspective.