A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) divulgou ontem (20/09) uma notificação oficial indicando o registro de um caso de Peste Suína Africana (PSA) no Haiti, na América Central. Este é o segundo caso registrado na região. Há pouco mais de um mês, ocorrências da enfermidade foram confirmadas na República Dominicana. Localizado na ilha de Hispaniola – segunda maior ilha das Grandes Antilhas – o Haiti divide o território insular com a República Dominicana.
A PSA é uma doença altamente contagiosa em suínos, causada por um vírus pertencente à família Asfarviridae. Ela não afeta seres humanos, sendo exclusiva de suídeos domésticos e asselvajados, como o javali e eventuais cruzamentos com suínos domésticos. De notificação obrigatória a órgãos nacionais e internacionais de saúde animal, o vírus tem potencialidade de rápida disseminação e alto impacto socioeconômico. Não existe vacina ou tratamento para a PSA.
Na China, os casos da doença levaram a perda, segundo estimativas, de quase 40% do seu plantel suíno total entre 2018 e 2019. A suinocultura chinesa é a maior do mundo, com uma produção – antes das ocorrências de PSA no país – de 53 milhões de toneladas de carne suína. Até hoje o país asiático ainda enfrenta desafios para o controle da doença e a sua erradicação. Atualmente, há casos em outros países da Ásia e também na Europa.
PREOCUPAÇÃO NO BRASIL
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) já vinha adotando medidas preventivas em relação a fiscalização de aeroportos no país desde o registro na República Dominicana. O vírus da PSA é resistente, podendo sobreviver por até seis meses em alimentos, como carnes processadas. Turistas e viajantes têm por hábito trazer alimentos em suas bagagens, o que passou a ser restringido de locais com ocorrências da doença.
Entidades de classe também realizam campanhas pedindo para que produtores não recebam visitas em suas granjas de suínos e que intensifiquem todas as medidas de biosseguridade. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) divulgou nota ontem colocando todo o setor produtivo em campanha total visando prevenir a entrada da PSA em território brasileiro. O país já registrou a ocorrência desta enfermidade em 1978. O vírus chegou ao Brasil via restos alimentares de voos que foram servidos à suínos. Desde de 1984, quando foi erradicada, não se teve mais nenhuma ocorrência no país.
ESFORÇO CONJUNTO
Em sua nota, a ABPA indica que no “Brasil, setores públicos e privados se engajaram em diversas iniciativas focadas na prevenção. Via ABPA, uma intensa e extensa campanha multilíngue (em português, inglês, francês, crioulo e espanhol) está em curso nas redes sociais, na comunicação interna das empresas produtoras e fornecedoras da cadeia produtiva, e nas mais diversas vias, incluindo stakeholders e outras organizações”. Ao mesmo tempo, segundo a nota, por meio do Grupo Especial de Prevenção à Peste Suína Africana (GEPESA) da ABPA, foram integrados esforços para reforço junto ao Governo Federal pela intensificação da defesa sanitária.
“O Ministério da Agricultura se adiantou à pauta e intensificou a inspeção nos principais portos de entrada do País, impedindo a entrada de produtos cárneos. Indo além, o MAPA estabeleceu uma legislação ainda mais restritiva à entrada destes produtos, assinou um convênio interpaíses de emergencialidade para a prevenção de PSA e instalou uma campanha nacional que ampliou a conscientização, em um esforço que contou com a ABPA, os auditores fiscais e outras entidades do setor”, avalia Sulivan Alves, diretora Técnica da ABPA.
Ao mesmo tempo, avalia Sulivan, a América Latina também entrou em estado de atenção por meio do grupo #TodosContraLaPPA, com intercâmbio de informações e esforços de 21 associações de 18 países do continente latino-americano, em uma grande campanha continental.
De acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, embora os cuidados estejam intensificados sobre esta doença, nada mudou e seguimos nas mesmas condições de antes, livres da enfermidade. “Nosso objetivo é preservar o rebanho e, indo além, o papel econômico e social do setor produtivo como gerador de empregos, divisas e segurança alimentar para o país. Não estamos poupando esforços para preservar o nosso status sanitário. E sempre é bom lembrar que a doença não tem impacto sobre a saúde humana”, defende.
Saiba mais sobre os cuidados preventivos no site www.brasillivredepsa.com.br.