Com o enfraquecimento do ímpeto de recuperação que marcou a indústria suína ucraniana ao longo de 2023, a atratividade de investimento no setor diminuiu significativamente.
A presidente da Associação Ucraniana de Criadores de Suínos, Oksana Jurchenko, destacou essa tendência em recente entrevista ao portal de notícias Delo.
Após uma recuperação notável em 2023, o rebanho suíno da Ucrânia alcançou novamente os níveis pré-guerra, segundo Jurchenko.
Este retorno atraiu investimentos substanciais para a indústria, com tanto suinocultores quanto outras empresas agrícolas, anteriormente focadas em outras culturas, injetando recursos na criação de suínos.
O objetivo era converter rapidamente cereais baratos em carne, que possui um valor de mercado mais alto.
Desafios persistentes e resiliência
Mesmo diante dos desafios persistentes, a indústria suína ucraniana mostrou uma resiliência significativa após os abalos de 2022.
Jurchenko comentou que, apesar de entre 8% e 10% das fazendas suínas terem sido destruídas ou caído sob controle de forças russas, o setor conseguiu se estabilizar.
Contudo, a corrida pela carne suína observada nos anos anteriores parece estar desacelerando.
“Anteriormente, os processadores lutavam para garantir o fornecimento de suínos vivos. Agora, eles têm a opção de escolher entre diferentes fornecedores”, explicou Jurchenko.
Ela notou que, mesmo durante a Páscoa, tradicionalmente um período de alta demanda, não houve um aumento significativo nos preços este ano.
Pressões de mercado e rentabilidade
Para 2024, a perspectiva é desafiadora. “Globalmente, o preço de venda dos suínos está se aproximando cada vez mais do custo de produção”, observou Jurchenko.
Em algumas semanas, esses valores são praticamente iguais, o que torna a suinocultura menos atraente para novos investidores que buscam retornos rápidos.
Demanda e exportações
Apesar desses desafios, há sinais positivos no horizonte. A previsão é de um aumento de 10% no consumo de carne suína no país em 2024.
Isso se deve à diminuição da diferença de preços entre a carne suína e as aves nas prateleiras dos supermercados, o que está levando mais consumidores a optar pela carne de porco.
No campo das exportações, a Ucrânia continua a desempenhar um papel modesto. A maior parte da carne suína exportada destina-se aos Emirados Árabes Unidos, onde é consumida principalmente por trabalhadores migrantes.
Desafios de mão de obra
A escassez de mão de obra é uma preocupação crescente para a suinocultura ucraniana, exacerbada pela mobilização em curso.
Jurchenko destacou que a falta de trabalhadores é um problema significativo para as fazendas.
Embora a situação ainda não seja crítica, ela representa um desafio considerável. Notavelmente, as fazendas ainda não começaram a preencher as vagas tradicionalmente ocupadas por homens com mulheres.