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Sustentabilidade

Nos EUA, uma agricultura pouco sustentável

Órgão do governo reconhece importância do aumento na produção, mas diz que país precisa evoluir.

Os agricultores americanos estão produzindo mais alimentos do que nunca, mas a pesquisa agrícola está concentrada demais no aumento da produção e precisa se empenhar ao considerar consequências como poluição da água e do ar, segundo relatório publicado por um grupo consultivo federal.

O relatório do Conselho Nacional de Pesquisa das Academias Nacionais concluiu que os agricultores estão sendo exigidos a produzir mais para sustentar a população mundial, porém com pouca ênfase além da quantidade de bushels de grãos ou quilos de vegetais ou carne que possam gerar.

“Para os agricultores conseguirem satisfazer as demandas futuras, o sistema agrícola dos EUA terá de evoluir para se tornar sustentável e começar a raciocinar em termos amplos – para além do resultado fundamental de precisar produzir o máximo possível”, disse Julia Kornegay, que preside o comitê do conselho em Washington que redigiu o relatório e chefe do Departamento de Estudos de Horticultura na Universidade da Carolina do Norte.

O relatório recomenda que a agricultura concentre mais estudos sobre os efeitos das práticas agrícolas para melhorar a sustentabilidade integrando, ao mesmo tempo, a pesquisa de uma vasta gama de disciplinas e gastando mais com esse estudo mais amplo. O relatório é uma continuação do estudo de 1989 do conselho, “Agricultura Alternativa”. O conselho assessora o governo federal em Ciências e Engenharia.

O documento elogia os agricultores dos EUA por produzirem 158% mais alimentos agora do que há 50 anos, e reconhece o que chama de “surgimento notável” de inovações que apoiam a agricultura sustentável – definida como prática que satisfaz a necessidade de ter lavouras tanto de alimentos como de biocombustíveis, ao mesmo tempo protegendo o ambiente e aprimorando a viabilidade econômica da agricultura familiar.

O relatório recomenda pesquisa focada, para aprimorar a sustentabilidade da agricultura – o estudo, por exemplo, de práticas como plantio em áreas reduzidas, culturas de cobertura e diversificação das lavouras em estabelecimentos agrícolas individuais. Todas são práticas que muitos agricultores usam em graus distintos, mas o relatório sugere que é necessário realizar mais pesquisas para estudar a eficácia e as consequências dessas práticas.

O Departamento da Agricultura dos EUA (USDA) e as universidades estaduais precisam trabalhar juntas nessas pesquisas e aumentar seus estudos sobre a viabilidade e os efeitos dessas práticas, recomendam os autores.

A maioria das pesquisas, sustenta o relatório, está sendo conduzida para lidar com um problema particular – como livrar campos de soja de uma erva daninha específica ou incrementar a produção de tomate e ao mesmo tempo consumir menos água – e dois terços dos gastos em pesquisa agrícola pública estão focados nesses tipos de estudo.

Os autores pedem uma abordagem mais ampla e integrada a pesquisas que sejam mais abertas e que empreguem várias disciplinas. Em particular, os autores querem que o USDA, a Fundação Nacional da Ciência, universidades públicas e grupos liderados por agricultores articulem uma iniciativa centrada nos efeitos da agricultura sobre a terra e as bacias hidrográficas.

Os consumidores, diz o relatório, ajudaram a criar alguns desses mercados através do seu relativamente recém-descoberto interesse na forma como os seus alimentos são cultivados ou criados, e da pressão que eles aplicam sobre os varejistas. “Aqueles mercados emergentes podem motivar os agricultores a migrar para sistemas de cultivo que equilibrem e satisfaçam múltiplas metas de sustentabilidade”.

O relatório diz ainda que as políticas públicas tiveram apenas um efeito ambíguo sobre a sustentabilidade agrícola. O USDA deveria gastar mais com o seu próprio estudo dos efeitos das políticas públicas, como subsídios e projetos de políticas no planejamento burocrático.