Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Agroindústria

Pilgrim's quer reabrir unidades nos EUA e investir

Empresa tem feito mudanças nas plantas atuais para melhorar o mix de produção, ter produtos com maior margem e ser mais eficiente. Adquirida pela JBS, Pilgrim´s também tem planos para reabrir unidades fechadas e elevar produção.

Depois de ter seu controle adquirido pela brasileira JBS em setembro passado e de ter saído da “recuperação judicial” em dezembro, a Pilgrim’s Pride já faz planos para reabrir unidades fechadas por conta de dificuldades que a levaram a pedir proteção contra a falência há quase 14 meses.

Ao Valor, o CEO da Pilgrim’s, Don Jackson, afirmou que, a partir de agora, o plano é elevar a produção e abrir fábricas fechadas nos 18 meses anteriores à venda de 64% do capital para a JBS por US$ 800 milhões. Foram fechadas naquele período 10 das 37 unidades da companhia localizadas nos EUA e México. “Ainda não está decidido quais serão reabertas”, disse ele.

Mesmo sem retomar a operação em unidades fechadas, a agora divisão de frango da JBS, já tem conseguido elevar “ligeiramente” (em 2%) a produção, segundo Jackson. Por conta das perdas que a levaram à recuperação judicial, a produção da Pilgrim’s caiu 10% em 2009.

De acordo com o diretor-presidente, já há alguns “pequenos investimentos” associados ao recente aumento de produção. Além disso, a empresa tem feito mudanças nas plantas atuais para melhorar o mix de produção, ter produtos com maior margem e ser mais eficiente. O orçamento a ser aprovado para este ano na Pilgrim’s prevê um montante de US$ 225 milhões, mas os investimentos devem ficar na faixa de US$ 150 milhões, disse ele.

Afetada pela demanda fraca nos EUA ano passado por causa da crise financeira global, a Pilgrim’s fechou o trimestre encerrado em 27 dezembro de 2009 com uma receita de US$ 1,6 bilhão, abaixo dos US$ 1,9 bilhão um ano antes. Mas teve lucro de US$ 33,6 milhões no período – ante um prejuízo de US$ 228,8 milhões um ano antes. No ano fiscal 2009, a receita líquida foi de U$ 7,1 bilhões.

À frente da Pilgrim’s desde dezembro de 2008 – pouco depois do pedido de proteção contra a falência por conta de dívidas de US$ 2,72 bilhões – e mantido no cargo pela JBS, Don Jackson disse que o “maior desafio” da companhia é criar mais eficiência operacional e melhorar mix e margens. “Queremos vender mais produtos com maior valor agregado e menos itens in natura”, afirmou. Atualmente, segundo ele, as vendas da Pilgrim’s ao varejo respondem por 46% da receita total e para o food service, 41%. O restante se refere às vendas de produtos “commodities” e ao mercado externo.

Outro desafio é melhorar as exportações. “Não necessariamente em volumes”, afirmou. Hoje, os principais clientes da Pilgrim’s são Rússia e China, mercados que têm colocado obstáculos ao frango americano. “Com a JBS podemos chegar a mercados onde ainda não estamos, como África e Oriente Médio, e ter acesso direto a outros”, argumentou.

Ao mesmo tempo em que busca fazer a Pilgrim’s voltar a crescer, Jackson trabalha na integração da companhia – que tem 41 mil funcionários – com a nova controladora. A partir da próxima segunda-feira, as áreas de TI, compras e contabilidade já ficarão concentradas em Greeley, no Colorado, sede da JBS USA, a subsidiária americana da JBS.

Desde o início da integração com a empresa brasileira, 230 postos administrativos foram eliminados, a maior parte na sede da Pilgrim’s em Pittsburg, no Texas. Segundo Jackson, à medida que a integração avança “muitas funções” serão transferidas para Greeley. Nesse processo, outras posições serão eliminadas nos próximos seis meses. Mas de forma pontual.

Com 31 anos de experiência na indústria de frango nos EUA, Don Jackson atuou por 22 anos na Seabord Farms (que acabou vendendo sua divisão de frango para a ConAgra) e também foi presidente da divisão de frango da Foster Farms até ser contratado pela Pilgrim’s para fazê-la emergir da “recuperação judicial”.

Ele revelou que as conversas com a JBS começaram em março do ano passado. O martelo foi batido em setembro. “Cedo, para mim, pareceu que mesmo que tivéssemos outras alternativas para fazer a Pilgrim’s sair do pedido de proteção contra a falência, a alternativa JBS seria a melhor”, afirmou. “A JBS é um controlador estratégico. Qualquer outro controlador teriam sido estritamente investidores financeiros”. Para ele, a aquisição pela JBS trouxe benefícios como sinergias, eficiência, familiaridade com o negócio e expertise no mercado internacional, além de mais estabilidade financeira.

Jackson afirmou que há 12 meses, a indústria de frango dos EUA não acreditava que a Pilgrim’s iria sobreviver, tamanha era sua vulnerabilidade. A virada surpreendeu, e “a indústria teve de se ajustar a isso”. “O setor percebeu que a Pilgrim’s com a JBS está aqui para ser líder na indústria”, acrescentou.