O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, declarou oposição ao acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, alinhando-se à França em uma postura contrária à atual proposta. Segundo Tusk, o acordo, que envolve Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, traria desvantagens aos agricultores europeus, já que os produtos sul-americanos não estariam sujeitos às mesmas regulamentações rigorosas aplicadas na UE.
“A Polônia não aceita, e não estamos sozinhos, o acordo com os países do Mercosul em sua forma atual”, afirmou Tusk antes de uma reunião governamental.
Pressão dos agricultores
Na França, agricultores têm protestado contra o acordo, alegando que ele exporia o setor agrícola europeu a uma concorrência desleal. A ministra da Agricultura da França, Annie Genevard, expressou apoio aos manifestantes: “Não podemos mais permitir que os agricultores sejam tratados como moeda de troca internacional.”
Agricultores franceses chegaram a levar tratores para as proximidades do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, para demonstrar descontentamento. Christian Adam, agricultor do leste da França, destacou que o Mercosul permitiria a entrada de produtos que não poderiam ser produzidos dentro dos padrões exigidos na UE, prejudicando a competitividade local.
Impactos estimados do acordo
O tratado prevê a exportação de 99.000 toneladas de carne bovina, 190.000 toneladas de açúcar, 180.000 toneladas de carne de aves e 1 milhão de toneladas de milho dos países do Mercosul para o mercado europeu. Representantes franceses alertam que essas importações pressionariam ainda mais os agricultores europeus, particularmente no setor de carnes e grãos.
Formação de um bloqueio contra o acordo
A França, maior produtora agrícola da UE, tem buscado apoio de outros países-membros para formar uma minoria de bloqueio que impeça a ratificação do tratado. A oposição polonesa reforça a posição francesa, aumentando a possibilidade de revisão ou suspensão das negociações em curso.
A crescente resistência ao acordo evidencia os desafios de equilibrar interesses econômicos globais com a proteção de setores produtivos sensíveis na Europa, especialmente em um cenário de alta pressão política e econômica.