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Sanidade

Reino Unido: Super bactéria é detectada em carne suína britânica

Produtos vendidos nas cadeias Asda e Sainsbury’s estão infectados com “super bactéria” MRSA CC398.  Testes foram realizados por especialistas da Universidade de Cambridge.

Reino Unido: Super bactéria é detectada em carne suína britânica

A MRSA CC398 pode ser especialmente perigosa para pessoas com sistemas imunitários debilitados (Foto: Pub.PT/Reuters)A carne suína à venda em supermercados britânicos está infectada com a bactéria MRSA CC398. A notícia é do Guardian, que menciona a possibilidade de o Reino Unido estar perante um novo escândalo alimentar,depois da fraude da carne de cavalo, detectada em 2013.

Segundo a investigação do jornal britânico, realizada com o Bureau of Investigative Journalism (BIJ), testes foram feitos em 97 produtos derivados da carne suína produzida no Reino Unido e comprovou-se que três deles, vendidos nas cadeias Asda e Sainsbury’s, estão infectados com esta bactéria super resistente a antibióticos. Os testes foram realizados por especialistas da Universidade de Cambridge.

De acordo com o Guardian, a MRSA CC398 é uma bactéria potencialmente mortal, que pode ser resistente aos antibióticos mais fortes. Embora seja menos prejudicial para os humanos do que a bactéria MRSA, responsável por cerca de 300 mortes todos os anos na Inglaterra e País de Gales, pode ainda assim ser responsável por infecções persistentes e ser especialmente perigosa para pessoas com sistemas imunitários debilitados ou que já sejam portadoras de outras doenças.

A investigação permitiu ainda constatar que há um vazio legal na legislação aplicável às importações que deixa margem para que entrem no Reino Unido animais vivos infectados com a variante CC398 da bactéria Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA). Estes animais podem ser provenientes de países com a Dinamarca, onde a bactéria já é considerada um problema de saúde pública e onde, no ano passado, pelo menos seis pessoas terão morrido em sequência da infecção, que pode verificar-se pelo consumo de carne ou pelo contato com animais infectados.

Neste momento não há qualquer plano de monitoramento o nas explorações britânicas, o que, para o Guardian, sem um plano de ação bem definido, a transmissão da bactéria poderá seguir o padrão da Dinamarca, onde a MRSA CC398 foi disseminado ao longo da última década e agora afeta dois terços dos planteis. A bactéria é já considerada um caso sério de saúde pública, suspeitando-se que cerca de 12 mil dinamarqueses estejam infectados.

“Se não fizermos um esforço sério para controlar a infeção e tentar restringir o movimento dos animais infectados, ela vai espalhar-se”, disse ao Guardian Tim Lang, especialista de Política Alimentar na City University, em Londres.Os britânicos estão preocupados com o tráfego de pessoas, mas a União Europeia também tem grande tráfego de animais, lembrou o especialista. “Podemos conseguir carne barata, mas no futuro isso irá traduzir-se em maiores problemas de saúde pública”, adiantou.

Outro especialista, Erik Millstone, da Sussex University, salientou que o aparecimento de novas bactérias super resistentes aos antibióticos “é uma enorme ameaça à saúde humana”. O Governo até pode desvalorizar o risco, mas há grandes probabilidades de a MRSA CC398 vir a espalhar-se entre animais e pessoas, assegurou.