A Suíça tem rejeitado as tentativas de produtores de alimentos da União Europeia (UE) de usar o país como uma “zona de trânsito” para driblar a proibição imposta por Moscou à entrada de seus produtos na Rússia.
O governo russo bloqueou importações estimadas em US$ 9 bilhões por ano, incluindo frutas e legumes, lácteos, carnes e pescado de União Europeia, Estados Unidos, Austrália, Canadá e Noruega. A medida foi uma reação às sanções impostas por esses países contra a Rússia.
Ao mesmo tempo em que insistem que países como o Brasil não devem tentar se aproveitar para vender mais à Rússia, produtores europeus procuram manter suas exportações para aquele mercado.
Fontes do governo suíço confirmaram que o Departamento Suíço para Agricultura recebeu demandas de produtores europeus de frutas, legumes e outros produtos alimentícios para exportar através do pais helvético.
A Suíça, que não faz parte da UE, precisa certificar a higiene de alimentos para exportação, e funcionários responsáveis por esse trabalho dizem que não podem fazer isso se os produtos são processados fora de suas fronteiras.
Ao mesmo tempo, produtores suíços visivelmente tentam se beneficiar do embargo contra a União Europeia para elevar suas exportações de queijo e café, principalmente, para a Rússia. A Suíça é um dos maiores exportadores globais de café, mesmo sem plantar um único pé da cultura. O país importa os grãos de países como o Brasil, faz a torrefação, agrega valor e reexporta.
Enquanto os suíços resistem, produtores europeus também tentam usar, como zona de trânsito, Belarus, que tem união aduaneira com a Rússia e cujos produtos entram no mercado vizinho sem cobrança de tarifa de importação. Em uma tentativa de minar essa triangulação, em Moscou já circulam piadas sobre produtos de pesca marítima “made in Belarus” – ainda que o país não tenha acesso ao mar.
Analistas russos afirmam que Belarus já começou a exportar carne suína da Polônia como se fosse produzida localmente.
Nesse contexto, nesta quarta-feira autoridades sanitárias russas anunciaram que bloquearam a entrada de vários produtos de países como Polônia e Grécia que tentaram entrar no país via Belarus.
“Alguns países da UE começaram a enviar seus produtos para Belarus sem dar o nome real do país de origem. Eles escrevem, por exemplo, Macedônia, mas descobrimos que a origem é Polônia e Grécia”, disse Sergei Dankvert, chefe da Rosselkhoznadzor, agência sanitária russa, à imprensa local.
As autoridades russas dizem ter bloqueado cargas de maçãs, peras e tomates transportadas via Belarus que não tinham informações sobre o país de origem ou indicavam que a procedência era Turquia, Sérvia, Macedônia ou até Zimbábue – todos países não atingidos pelo embargo russo.
Oficialmente, o vice-ministro da Agricultura de Belarus, Leonid Marinich, comparou a chance de seu país à corrida por ouro no Canadá no século XIX. Mas por acreditar que Belarus pode aumentar sua própria produção de alimentos para exportar ao mercado russo.