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Mercado Interno

Suinocultura em 2010

Produtor recebeu mais pela matéria-prima e indústria registrou crescimento nas vendas. Analistas acreditam que situação deve continuar em 2011. Brasileiro consumiu cerca de um quilo a mais da carne no ano passado.

Com as festas de fim de ano, aumentou ainda mais o trabalho na indústria de carne suína. Frigoríficos chegaram a dobrar os abates, encerrando em ritmo forte um ano marcado por alta nos preços e maior preferência pelos cortes suínos. O produtor recebeu mais pela matéria-prima e a indústria registrou crescimento nas vendas, e analistas acreditam que a situação deva continuar assim em 2011.

Na indústria, trabalho em ritmo forte para fazer a carne suína chegar à mesa do consumidor na festa da virada do ano. Na última semana, o abate dobrou em um frigorífico em Capivari, no interior paulista. Situação que reforça um cenário de maior demanda que vem sendo identificado durante todo o ano.

“O ano de 2010 para venda de suínos foi melhor que 2009. No nosso caso, nós tivemos aumento de 12% a mais que 2009. Existe uma melhora no nosso atendimento ao nosso cliente e também nós achamos que o consumo por habitante aumentou esse ano”, diz Fábio Bresciani, dono de frigorífico.

O brasileiro realmente comeu mais carne suína neste ano. De acordo com a Associação Paulista dos Criadores de Suínos de São Paulo, no Estado, que é o maior consumidor do país, cada habitante consumiu neste ano um quilo a mais que no ano passado.

O consumo aumentou, em parte, porque a carne bovina ficou muito cara. Quando isso acontece, o consumidor tende a comprar cortes mais baratos.

“Quem se beneficiou acabou sendo o frango e muito o suíno, que, apenas em novembro, registrou o maior preço pago ao produtor em dois anos, voltando aos níveis de antes da crise”, diz o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Thiago Bernardino de Carvalho.

O preço subiu também para o consumidor. Segundo o Cepea, cortes suínos como o pernil e o lombo, bastante consumidos nas festas de fim de ano, estão de 20% a 50% mais caros no mercado atacadista de São Paulo. Carvalho acredita isso deva se manter, mesmo com a preocupação do governo em controlar a inflação.

“O que se nota é que a gente vá manter esse consumo, de certa maneira, porque a gente tem uma crescente da renda do brasileiro. A tendência é de que a gente mantenha esse nível de preço caso não haja nenhuma circunstância de crise ou barreira sanitária. Do jeito que está, a tendência é que se mantenha níveis bons tanto para o produtor quanto para a carne recebida”, explica o pesquisador.

Entretanto, vender mais pode não significar mais rentabilidade, pelo menos no caso da indústria. O dono do frigorífico Fábio Bresciani, apesar de comemorar o aumento nas vendas, afirma que lucrou praticamente a mesma coisa do ano passado.

“Todos os anos há um aumento no nosso custo, e nós não estamos conseguindo passar isso no preço final. A margem para a indústria de carcaças suínas em São Paulo ficou a mesma, apesar de o preço final estar mais caro”, explica Bresciani.