2013 vai fechar como uma temporada das mais movimentadas para a suinocultura brasileira. Foi bastante comemorada a abertura do suculento mercado do Japão para a carne nacional no primeiro semestre. Na outra ponta, o alto preço do milho ao produtor – resquícios de 2012, quando foi ainda pior – prejudicou um pouco a engorda, principalmente na região Sul, visto que o cereal é um componente fundamental na dieta dos porcos. As exportações ratearam no primeiro semestre, principalmente devido ao fechamento do mercado da Ucrânia durante três meses, mas se recuperaram depois e ficaram levemente abaixo do volume de 2012. Nada a reclamar.
Enfim, está sendo um ano de produção ajustada à demanda. Segundo Jurandi Machado, diretor da associação da indústria exportadora (Abipecs), houve problemas de reprodução ocorridos no verão e no inverno, com a consequente redução de produtividade, o que desembocou na diminuição da oferta de suínos para abate. Ele analisa 2013 como um ano favorável à suinocultura.
“O céu não foi de brigadeiro por conta da instabilidade do cenário externo, porém chegamos a mercados que qualifica a nossa carne. Foi um passo gigantesco”, observa Rui Eduardo Saldanha Vargas, presidente da Abipecs. Segundo ele, a entidade estima exportação entre 510 mil e 520 mil toneladas para 2013, queda de 8% diante de 2012. O valor das vendas externas deve atingir US$ 1,45 bilhão, se traduzindo em pequena baixa no confronto com 2012.
É preciso lembrar que 70% da carnes suína produzida no Brasil é consumida no mercado doméstico, que se apresentou consistente no segundo semestre. Vargas ressalta que o brasileiro agora está consumindo até sanduíches de carne suína de marcas exclusivas, o que já é tradicional com os sanduíches de carne bovina.
Para 2014, Vargas prevê uma produção de 3,48 milhões de toneladas, sendo 590 mil toneladas destinadas às exportações. Haverá incremento na produção, pois 2013 deverá fechar com volume de 3,45 milhões de toneladas.
O dirigente faz projeções acerca do mercado japonês. Segundo ele, o consumo nipônico de carne congelada é de 400 mil toneladas. Para Vargas, se o Brasil conseguir abocanhar 10% desse total “será excelente. Além de pagar melhor pelo produto, as vendas para o Japão repercutem diretamente nas granjas brasileiras por conta das rígidas exigências de qualidade.”
Santa Catarina é o Estado autorizado e que já enviou carne para o Japão. Representantes de indústrias de lá adiantam que o estado não mede esforços para aumentar a produção. Os entraves são os custos altos nas granjas, puxados principalmente pelo milho, e o “descaso” do governo com Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para o leitor ter idéia não foram realizados leilões de compra de milho para abastecer aqueles estados, segundo informações dos dirigentes do campo e da indústria, o que torna necessária a busca do cereal no distante Mato Grosso, há cerca de 2.000 quilômetros. Essa maratona eleva dramaticamente o gasto com frete.