Pequim abriu uma investigação por concorrência desleal e subsídios a carne de frango e produtos de automoção importados dos Estados Unidos, depois que Washington anunciou limites à importação de aros das rodas chinesas, um conflito que Pequim não descarta levar perante a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Segundo anunciou o Ministério de Comércio em seu site, a decisão foi tomada depois que os fabricantes chineses se queixaram que estes produtos entram no país mediante “concorrência desleal” que está prejudicando as indústrias nacionais.
O Ministério acrescentou que a investigação está em consonância com as regulações da OMC e da lei chinesa.
O anúncio desta investigação acontece depois que o Governo do presidente Barack Obama tomou sua primeira medida na sexta-feira (11/09) para proteger sua indústria nacional da concorrência chinesa: uma tarifa de 35% sobre a importação de pneus chineses que será efetiva este mês.
A reação do ministro do Comércio chinês, Chen Deming, não demorou até sábado (12/09), quando qualificou a medida de Washington de “protecionista” e ameaçou levar o caso perante a OMC. No domingo (13/09), Pequim anunciou a abertura de investigações que poderão levar a barreiras contra a indústria automobilística e a de frango dos EUA.
Pequim também acusou Obama de violar compromissos que ele assumiu com a China e os demais integrantes do G-20 em abril, quando os líderes do grupo de países ricos e emergentes que tem se reunido para discutir a crise mundial prometeram evitar medidas protecionistas. Obama será o anfitrião da próxima reunião, em Pittsburgh, na semana que vem.
A China é o maior credor externo dos EUA atualmente. O país tem em seu poder mais de US$ 750 bilhões em títulos do Tesouro americano e mantém cerca de dois terços de suas reservas aplicados em ativos em dólar, criando uma situação de dependência mútua que se tornou uma fonte de tensões entre as duas potências.
Examinado isoladamente, o caso dos pneus não tem muita importância econômica. Mas a decisão de Obama abriu um precedente que poderá ser explorado nos próximos meses por várias indústrias americanas que têm se queixado da competição com os chineses e estão pressionando o governo a fazer algo para ajudá-las.
O mecanismo aplicado contra os pneus foi criado pelo Congresso americano no início da década, como parte do acordo que permitiu a entrada da China na OMC. E só pode ser usado contra produtos chineses e autoriza os EUA a imporem barreiras comerciais temporárias sem precisar mostrar a existência de subsídios ou outras práticas ilegais que justifiquem a ação.