Nesta sexta-feira (15), autoridades da União Europeia (UE) enfrentam a decisão de prorrogar ou não a proibição das vendas de grãos ucranianos na Polônia, Hungria, Eslováquia, Romênia e Bulgária, onde, desde abril, apenas o trânsito para outros mercados é permitido. A medida temporária, criada para evitar a entrada de produtos ucranianos mais baratos, está prestes a expirar à meia-noite de hoje. Entretanto, as crescentes tensões entre a Ucrânia e a Polônia, um dos principais apoiadores do governo ucraniano na guerra contra a Rússia, têm gerado preocupações dentro da União Europeia.
Os poloneses ameaçam violar as regras da UE e tomar medidas unilaterais para proibir os grãos da Ucrânia, caso o bloco não estenda o acordo atual até o final do ano. Em resposta, os ucranianos alertaram que levarão o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC) em busca de compensação, se a proibição não for suspensa. A Polônia enfrentará eleições parlamentares no próximo mês, com o governo nacionalista em uma disputa acirrada, buscando conquistar o apoio dos eleitores rurais.
Embora grande parte do trigo ucraniano atravesse a Polônia a caminho de clientes asiáticos e africanos, parte dele ainda é vendida no mercado negro a preços mais baixos. Em julho, o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, criticou as ações “hostis e populistas” da vizinha polonesa em relação à proibição de grãos, o que causou tumulto no governo polonês, que acolheu milhões de ucranianos durante a guerra. Um assessor presidencial polonês respondeu na época que a Ucrânia deveria demonstrar gratidão pelo apoio da Polônia.
A questão dos grãos tem provocado divisões de opiniões dentro da União Europeia. A maioria dos Estados-Membros se opõe a estender o acordo atual, conforme relatado por diplomatas. No entanto, o governo búlgaro anunciou ontem (14) que estava suspendendo sua proibição às importações de grãos ucranianos. Enquanto isso, na Eslováquia, as eleições no final deste mês podem trazer de volta o governo do ex-primeiro-ministro Robert Fico, segundo pesquisas, um político que se posicionou contra as sanções ocidentais à Rússia.