O Tribunal de Apelações do Reino Unido rejeitou um recurso movido pelo grupo de bem-estar animal The Humane League, que alegava que o governo violava os regulamentos de bem-estar animal ao permitir a criação de frangos de corte de “crescimento rápido”. A decisão reforça a permissão para o uso dessas aves na produção de carne, apesar das críticas sobre os impactos no bem-estar animal.
O debate sobre a genética e o bem-estar animal
O caso foi inicialmente analisado em outubro de 2023. A Humane League argumentava que a composição genética dos frangos de crescimento rápido causava sofrimento às aves, infringindo os Regulamentos de Bem-Estar de Animais de Criação (Inglaterra) de 2007. O tribunal, no entanto, concluiu que o Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais (Defra) não estava agindo ilegalmente ao permitir a criação dessas aves.
O juiz Stephen Males reconheceu que os animais não deveriam ser criados para fins produtivos se sua composição genética resultasse em sofrimento. No entanto, ele não considerou que essa condição se aplicasse necessariamente aos frangos de corte modernos.
A relevância da indústria avícola britânica
Cerca de 1 bilhão de aves são criadas intensivamente no Reino Unido todos os anos, com a produção convencional de carne de frango representando 75% do mercado. Richard Griffiths, presidente-executivo do British Poultry Council, destacou o papel da indústria avícola na segurança alimentar do país.
“A decisão de hoje ressalta o equilíbrio entre inovação, produtividade e bem-estar animal alcançado pela produção avícola britânica”, afirmou Griffiths. Ele também destacou que mais de 90% da produção é certificada pelo esquema Red Tractor Assurance, garantindo altos padrões de qualidade e bem-estar.
Críticas persistentes de grupos de bem-estar animal
Para Sean Gifford, diretor administrativo da Humane League UK, a decisão expõe uma falha governamental ao não enfrentar o sofrimento causado pela criação intensiva de frangos de crescimento rápido.
“Mais de 1 bilhão de galinhas estão vivendo em condições de miséria devido à sua genética. Essa situação deveria ser proibida por lei”, afirmou Gifford.
Emma Slawinski, diretora de políticas da RSPCA, também destacou os desafios enfrentados por essas aves, como dificuldades para se locomover, problemas cardíacos e mortes súbitas.
A decisão, embora considerada um revés técnico pelos ativistas, reforça o compromisso da indústria em manter os padrões de produção, mas intensifica o debate sobre a necessidade de mudanças para garantir o bem-estar das aves criadas em larga escala.
Referência: Poultry World