A proibição de gaiolas convencionais dentro da UE é iminente; mas como os países estão se preparando? Como os antigos sistemas de produção afetam as poedeiras e seus ovos? Quais são as dispensas comerciais e implicações do novo sistema?
Na recente Conferência IEC, no Canadá, os especialistas da indústria de ovos, Mark Williams, Thea van Niekerk, Peter van Horne, Gert Stuke e Andrew Joret, partilharam sua última pesquisa com os participantes do evento.
Qual é a situação atual das gaiolas dentro da UE? – Dentro de dois anos, todas as gaiolas estarão pribidas dentro do território da União. A partir do dia 1° de janeiro de 2012, os ovos produzidos na UE só poderão ser comercializados se produzidos ao ar livre, celeiros, enriquecidos ou por métodos orgânicos.
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De acordo com os últimos números apresentados por Mark Willians, em 2008 na UE, entre 278 milhões de galinhas, apenas 7% estavam em métodos de enriquecimento. Ele acredita que todo setor enfrenta um enorme desafio para se adequar às novas regras até 2012.
Qual o progresso dos membros da UE?
Alemanha – O país está à frente dos demais da UE e afirmam que todas as galinhas poedeiras devem estar fora das gaiolas convencionais até o final desse ano. Gert Sturke explicou aos membros do congresso que seis fazendas de teste foram criadas na Alemanha paraestudar os animais, aspectos éticos e humanos da utilização de sistemas de criação de enriquecimento.
As fazendas medem aspectos de saúde animal e higiene, bem como implicações de proteção dos animais e avaliação da segurança e riscos para alimentação humana.
Os resultados mostram que o sistema alemão é altamente eficaz para atingir os níveis de saúde e bem-estar animal, bem como a segurança alimentar. Comparado com as gaiolas convencionais, o novo sistema registra um número menos de mortalidade; não há necessidade de debicagem; o sistema permite boa observação das aves; a estabilidade dos pés e dos ossos é melhor comparado a outros sistemas de postura; e, maior higiene.
Países Baixos – Como um importante fornecedor do mercado alemão, os produtores de ovos dos Países Baixos estão correspondendo às tendências e demanda do mercado alemão, adotando o mesmo sistema para postura.
Áustria – Nesse país, as gaiolas convencionais foram proibidas no final de 2008 e as colônias de enriquecimento também serão banidas até 2020.
Suíça – Em 1989, o apís tomou a decisão de proibir as gaiolas convencionais. Os produtores tiveram um prazo de 10 anos para eliminar progressivamente as gaiolas convencionais, mas foi estendido. As gaiolas convencionais deixaram de ser utilizadas na Suécia desde 2002. As colônias de enriquecimento são permitidas no país.
Bélgica – O país irá cumprir a medida para proibição das gaiolas convencionais até o início de 2012. Há também uma proposta para proibir as colônias de enriquecimento até o final de 2024. No entanto, de acordo com Mark Willians, esta restrição é pouc provável que entre em vigor até 2040.
Novo sistema X Antigo – Como a proibição das gaiolas convencionais está se aproximando, a maioria dos países europeus querem evoluir para colônias de enriquecimento a curto ou médio prazo. Numerosos projetos de pesquisa foram realizados em toda União, estudando as implicações comerciais da adoção desses sistemas.
Thea van Niekerk está conduzindo um estudo para pesquisas a habitação e o bem-estar das poedeiras. Em um projeto recente, Niekerk comparou o comportamento das aves criadas em gaiolas convencionais com as aves de colônias de enriquecimento. O objetivo do estudo era determinar se as aves possuem recursos adicionais em colônias de enriquecimento, ou seja, caixas para ninhos ou liteira. A pesquisa também comparou os processos de produção destes sistemas, incluindo a qualidade do ovo, consumo de ração, higiene e saúde das poedeiras.
Recursos adicionais – Os resultados da pesquisa mostraram que as galinhas não utilizam os recursos oferecidos nas colônias de enriquecimento. De 95 a 99% dos ovos foram postos nas caixas, de 40 a 50% das galinhas utilizam os poleiros durante o dia e de 80% a 90% o utiliza à noite.
Remoção de ovos – Tendo estudado os resutados dos dois sistemas de criação, Noekerk recomenda que os sistemas de enriquecimento incorporem um relógio de ponto que, periodicamente, lembre os funcionários de remover os ovos para reduzir o agrupamento, evitando a colisão e rachaduras.
Qualidade dos ovos – Comparado ao roduzido em gaiolas convencionais, os ovos de sistemas enriquecidos apresentaram 1% de diferença na qualidade, tendo 93,29%.
Consumo de ração – Quanto à essa comparação, surpreendentemente, as galinhas criadas na colônia consomem menos do que as criadas em gaiolas. Esperava-se, devido ao maior espaço para movimentação e gasto de energia, essas poedeiras consumiriam mais.
Niekerk diz que, talvez esse resultado tenha sido menos devido aos fato que as aves da colônia podem sentar-se calmamente nos poleiros, portanto, circula menos que as aves de um sistema convencional.
Os sistemas são comparáveis? – Os estudos comparando os dois sistemas podem concluir são muito semelhantes nas questões de produção de ovos, higiene e saúde animal.
Impactos econômicos – Tendo estabelecido que a maioria dos países irá adotar colônias de enriquecimento, Peter van Horne abordou o impacto econômico do sistema.
Colônias de eniquecimento exigem um pouco mais de mão de obra, enquanto o número de galinhas deve diminuir, resultando um custo adicional por ave. Além deste, há o investimento do capital necessário para instalar os sistemas.
Esses fatores resultam em um crescimento econômico de 8 a 10% nos custos de produção. Apesar dos investimentos, os ovos produzidos em sistemas de colônia não podem ter preços maiores. Van Horne explica: “No momento, não há margem de lucro no mercado da Europa. Ovos de galinhas criadas ao ar-livre e orgânicos têm a vantagem de poderem custar mais no mercado, mas os consumidores de ovos enriquecidos e de gaiola não estão dispostos a pagar mais. Portanto, os produtores que optarem por colônias de enriquecimento podem ter custos adicionais sem gerar receitas adicionais.
Em conclusão …
Os especialistas presentes na conferência expressaram confiança de que as colônias de enriquecimento podem cumprir as novas diretrizes legais, mantendo um sistema de produção eficiente.
Andrew Joret salientou que o novo tipo de criação fornecem bons resultados, embora seja difícil promovê-los entre os consumidores, que ainda defendem a produção em gaiolas convencionais. Aos olhos do consumidor não há tanta diferença, explica Joret. No Reino Unido, duas das quatro principais redes de supermercados declararam que ainda vão vender ovos de gaiolas, um não vai e o outro está indeciso.
* Tradução Avicultura Industrial
