A União Europeia (UE) vai examinar a formação de estoques de recursos naturais essenciais (matérias-primas, energia, alimentos, etc.) para assegurar o suprimento para a indústria dos seus 27 países-membros.
Bruxelas também quer impor limites nos mercados de derivativos e usar mais as políticas comerciais para reduzir a volatilidade nos preços das commodities e melhorar o acesso a recursos estratégicos para a competitividade europeia.
A UE depende inteiramente da importação de uma série de minerais, que estão concentrados nas mãos de poucos países, incluindo China e Brasil.
Para a Businesseurope, a federação das indústrias europeia, já é hora de Bruxelas reagir, porque mesmo na fase inicial da recuperação econômica global os preços de recursos naturais estão até 20% mais altos do que em 2010. E distorções nos mercados aumentam com as 1.250 restrições à exportação, entre elas as da China e Rússia.
“O acesso a recursos naturais em condições leais e a preços acessíveis é vital para a indústria europeia”, diz a Businesseurope.
A UE avalia que vai o forte aumento da demanda de matérias-primas continuará, puxada pelo dinamismo econômico e pela aceleração da industrialização e urbanização em emergentes como a China, a Índia e o Brasil.
A China já que é o maior consumidor de metais do mundo: sua parte no consumo de cobre passou de 12% para 40% em dez anos, por exemplo.
A China detém boa parte dos minerais estratégicos de que a Europa depende. É o caso de minerais chamados de terras-raras, que os chineses concentram 97% da produção mundial. Eles são essenciais para alta tecnologia, telecomunicações e produtos ambientais.
A UE quer desenvolver um consenso internacional contra “distorções comerciais” (como restrições a exportação) na OMC, no G-20 e na OCDE, melhorar as condições para extração de recursos naturais na Europa e melhorar também a reciclagem.
O documento de estratégia europeia foi antecedido pela irritação da França, que não viu na primeira versão o reconhecimento da existência de vínculo entre certas atividades financeiras, como nos mercados de derivativos, e a volatilidade dos preços das matérias-primas. O texto final admite “uma correção forte entre as posições tomadas nos derivativos e os preços”, mas insiste ser difícil “avaliar completamente as interações e impacto dos movimentos desses mercados sobre a volatilidade dos mercados físicos”.