Redação AI (Edição 1111/2003) – Gaste US$ 1,00 e economize no mínimo US$ 2,00. Sobre o que estamos falando? Do controle da amônia em aviários. Amônia é um gás incolor e irritante, gerado a partir da decomposição microbiana dos dejetos, que causa significativas perdas econômicas para os criadores e integradores de aves. O controle deste gás não é simples, mas é relativamente de baixo custo tendo em vista o retorno do investimento.
A maioria dos criadores desconhece as perdas ocasionadas pela concentração de amônia em seus galpões. É comum ouvir os criadores dizerem: “Eu tenho um pouco de amônia em meus galpões, mas isso não é prejudicial”. A verdade, neste caso, é que níveis de amônia até 50 ppm não são percebidos como nocivos pelos criadores. Teoricamente, o olfato humano não detecta a presença de amônia em níveis abaixo de 20 ppm. Além disso, os humanos perdem a sua sensibilidade olfativa depois de longas ou repetidas exposições ao mesmo odor, dessa forma, as aves são afetadas muito antes que o problema seja percebido ou identificado por seus criadores.
Efeitos da amônia – Pesquisas feitas nos últimos 20 anos têm mostrado consistentemente que níveis de amônia em torno de 50 ppm causam sérias perdas no desempenho das aves. Pelos padrões atuais de peso, as perdas chegam à ordem de 250 g por ave. Novos dados demonstram que níveis de 25 ppm também ocasionam perdas significativas na performance das aves; experimentos recentes, elaborados em 2002, indicaram perdas de peso médio de 90 gramas por aves durante as sete semanas de alojamento. Estes resultados são apresentados no gráfico da Figura 1.
A presença de amônia nos galpões provoca outros problemas além da redução de pesos das aves. Muitas aves apresentam lesões nos olhos, com agravamento para um quadro de cegueira, enquanto outras apresentam um subdesenvolvimento da carcaça. Acompanhamentos feitos em granjas cujo nível de amônia permaneceu em torno de 125 ppm, resultou em uma condenação de 500 aves por lote. Avaliando-se nestes casos, somente as perdas de ração consumidas e a carcaças não aproveitadas, é possível estimar os prejuízos do produtor. Obviamente, não se pode afirmar que a amônia é a única responsável pelo subdesenvolvimento das carcaças, mas é uma das principais causas, especialmente nos meses mais frios, quando os galpões permanecem a maior parte do tempo fechados. Pesquisas mostram que um alto nível de concentração de amônia pode gerar de 5% a 10 % de carcaças com tamanhos abaixo do padrão. Se considerarmos que os equipamentos de alimentação são normalmente ajustados para um tamanho padrão de carcaça em cada fase, os animais que apresentarem algum retardo em seu desenvolvimento, não terão oportunidade para se recuperar durante o período de alojamento. Além disso, como a maioria dos abatedores possuem padrões de tamanho para as aves dentro do seu processo industrial, quando um lote apresenta oscilações de carcaças, fora de uma tolerância estimada, surgem problemas de classificação e, principalmente de dificuldades de vendas no mercado.
Outros problemas associados com a amônia são as doenças respiratórias. Seus efeitos sobre a sanidade das aves têm sido muito bem documentados e conhecidos. Como se sabe, as aves não possuem um sistema respiratório com diafragma, como é nos mamíferos, portanto, para expelir corpos estranhos inalados, as aves possuem em suas vias respiratórias pequenos cílios que ajudam a reter e expulsar corpos estranhos. Quando os níveis de amônia atingem 25 ppm uma parte destes cílios são paralisados, não promovendo a retirada de material da traquéia. Com 50 ppm, a amônia já é capaz de destruir alguns cílios, desencadeando uma série de patogenias no organismo das aves. Os casos mais comuns, decorrem do alojamento e desenvolvimentos de bactérias do tipo E. coli na traquéia, resultando em uma infecção das vias aérea. Naturalmente isso reverte em perda de produtividade e de conversão alimentar. Observações feitas desde a década de 60 demonstraram que em lotes submetidos a concentrações de amônia na ordem de 20 ppm durante 72 horas possuem o dobro de chance de adquirirem Bronquite, Newcastle, quando comparada com lotes sem a presença da amônia.
Prejuízos econômicos – No que se refere à mensuração dos prejuízos, experimentos controlados mostram que concentrações de 50 ppm de amônia em galpões com 20 mil aves, resultam em perdas de US$ 450,00, somente relativas ao peso vivo das aves. Quanto à conversão alimentar, os prejuízos computados não são desprezíveis; cientistas concordam que ambientes com níveis de 50 ppm de amônia promovem um aumento de 8 % na conversão alimentar; se considerarmos um custo da tonelada de ração de US$ 135,00 e o peso médio das aves de 3,0 kg, as perdas relativas à conversão alcançam US$ 702,00 em ração.
Apesar das dificuldades de mensuração, uma parte das doenças e das condenações também é atribuída à amônia; estimativas conservadoras por parte de alguns pesquisadores indicam perdas na ordem de US$ 160,00 e US$ 150,00 respectivamente.
Manter os níveis de amônia baixos garante um excelente retorno, entretanto isso não é possível sem algum investimento. Para atuar de forma efetiva no controle dos níveis de amônia é necessário o tratamento das camas de aviários e a utilização de sistemas de ventilação adequados. Estes custos são variáveis, dependendo do tipo de forração e das condições climáticas. Entretanto, a experiência de campo mostra que os investimentos no controle dos níveis de amônia são desprezíveis quando comparado com as perdas que 50 ppm deste gás é capaz de promover em pouco tempo de exposição.
Manejo da cama é a chave para evitar problemas com a amônia
A formação da amônia nos aviários requer três condições: 1) dejetos, 2) calor, 3) umidade. Provavelmente, o mais importante destes fatores, dentro do manejo de cama, seja o controle de umidade. Um bom manejo começa com um controle rigoroso da umidade das forrações, mesmo antes de colocá-las no aviário. Uma forração manuseada incorretamente e úmida, certamente ocasionará problema de controle de amônia.
Produtos para o tratamento das camas como os PLTs, têm-se mostrado efetivos e estão sendo bastante recomendados e adotados por criadores. Porém, a umidade continua sendo a chave para o sucesso deste tratamento. Um erro comum entre os criadores é interromper a ventilação após o tratamento das forrações pensando que não terão mais amônia. ENGANO! Mesmo com a utilização de produtos para o controle de amônia, um mínimo de ventilação deve ser cuidadosamente mantidos para remover uma parte da umidade dos aviários. Se a ventilação for reduzida abaixo da recomendada, a umidade aumentará dentro do galpão e na forração, o que promoverá uma aceleração nas reações químicas, eliminando rapidamente o produto controlador de amônia. Desta forma, teremos um bom controle de amônia nos primeiros dias e nenhum no restante do período de alojamento. O controle inadequado da ventilação pode promover mais amônia em um galpão com tratamento das forrações do que em outro sem tratamento.
O controle da ventilação é um outro fator para se manter a umidade e a amônia abaixo dos limites críticos. Portanto, quanto de ventilação é necessário em um aviário? Com cama nova, na maioria dos galpões, recomenda-se um tempo de ventilação da ordem de 45 segundos a cada 5 minutos. Se a cama for usada, este valor sobe para um minuto. Entretanto, para se definir o tempo exato de ventilação para cada situação recomenda-se consultar um especialista.
Em camas reutilizadas, para se minimizar o problema da amônia o importante é manejá-la, imediatamente após o desalojamento das aves. Caso não tenha disponibilidade de remoção ou compostagem durante o vazio sanitário, remova os torrões maiores e mantenha as cortinas do aviário fechadas de forma a manter um a temperatura favorável ao desprendimento da amônia. Quanto mais amônia for emitida neste período menor será a concentração quando as aves forem alojadas. Utilize a ventilação somente o necessário para evitar a condensação dentro do aviário. Não deixe para efetuar estes procedimentos nas vésperas do alojamento.
Outro método para a o controle da amônia é a utilização de agitadores de ar dentro dos aviários de forma a promoverem a movimentação e gerarem uma diferença de pressão entre o exterior e o interior do aviário. Este sistema é aplicado apenas em galpões fechados, onde não há ventilação tipo túnel e em casos em que não é recomendável o insulamento do ar externo direto sobre as aves. Maiores detalhes podem ser obtidos no artigo What Is the Most Important Part of Your Ventilation System, no site www.poultryhouse.com.
Considerações Finais
A conclusão básica deste estudo é que as boas práticas de manejo e um eficiente controle de emissão de amônia podem significar a diferença entre o lucro e o prejuízo para os criadores. Embora não existam muitas formas de obter o exato balanço entre o custo e os benefícios do controle da amônia, quando se contabiliza a perda de peso por ave e o aumento da conversão alimentar, o balanço é favorável, tornado indispensável o controle de sua emissão.
Pontos Importantes no Manejo da Cama para Evitar os Problemas com a Amônia 1. Quando controlar o nível de amônia nos aviários, lembre-se de que a medição deve ser feita na altura da respiração das aves e não altura da respiração humana. No caso dos pintinhos, a medição deve ser feita no máximo 3 centímetros da cama. 2. Quando reutilizar a cama e não utilizar o mecanismo de compostagem, utilize os aquecedores e remova o máximo de amônia dos galpões durante o vazio sanitário. 3. Remova o torrões formados na cama de forma a baixar a umidade relativa e reduzir a ventilação. 4. Utilize forrações novas, principalmente nas pinteiras, caso as concentrações de amônia não se reduzam com os procedimentos anteriores. 5. Utilizar um bom produto para tratamento de cama (PLT), seguindo as recomendações do fabricante principalmente no que se refere ao período de aplicação antes do alojamento. 6. Manter uma ventilação adequada, com uma pressão estática suficiente para promover a secagem da cama. A utilização de um produto para tratamento da cama não significa interromper a ventilação. 7. Verifique o sistema de distribuição de água para evitar vazamentos sobre a cama. 8. Regule a altura dos bebedouros para evitar o derramamento de água na medida que as aves se desenvolvem. 9. Verifique regularmente a umidade da cama. Considere a opção de implementação de agitadores ou circuladores dentro dos aviários para ajudar a remover a amônia. Este sistema pode se pagar com a redução dos custos de aquecimento. |
Nota: Algumas informações apresentadas foram extraídas do artigo Litter Quality and Broiler Performance, de autoria de Michael P Lacy, Geórgia Cooperative Extension Service.
*Traduzido por Dr. Adilson Oliveira ([email protected]).