O conceito de Biossegurança pode ser entendido como o desenvolvimento e implementação de normas rígidas que terão a função de proteger o rebanho contra a introdução de qualquer tipo de agentes infecciosos, sejam vírus, bactérias, fungos e/ou parasitas (SESTI, 1998). Uma moderna instalação para a produção de suínos não pode em hipótese alguma prescindir de um programa de Biosseguridade. É um investimento necessário e de retorno certo para evitar prejuízos futuros. Mas, mesmo nas propriedades onde já existe um programa deste tipo, muitas vezes a questão do controle da Biossegurança relacionado aos programas de Inseminação Artificial (IA) não recebe a devida atenção.
A inseminação artificial (IA) vem sendo empregada de forma crescente na suinocultura mundial. No Brasil estima-se a realização de 1,6 milhões de primeiras inseminações em 2000, o que equivale à utilização desta técnica em 51% das matrizes do plantel tecnificado (Wentz et al 2000). Na última década, houve um aumento da ordem de 1.700% no emprego da IA na suinocultura brasileira.
Esse aumento acompanhou a profissionalização da atividade e o crescimento no número de animais nas propriedades. Faz sentido. A IA viabiliza o manejo reprodutivo de grandes plantéis, poupa mão de obra e permite a rápida incorporação dos avanços genéticos nos rebanhos. Ou seja, sem ela, as modernas instalações produtivas ou não existiriam ou operariam de forma mais onerosa.
Segurança sanitária é outro forte argumento a favor da adoção da IA na produção de suínos. “Plantéis sanitariamente fechados, mas geneticamente abertos” é uma expressão freqüentemente empregada para caracterizar o baixo risco de introdução de doenças através da IA, quando comparado com o risco imposto pela introdução de animais no plantel (Thacker et al 1984). Mas o fato de ser mais seguro, infelizmente, algumas vezes leva a descuidos. A eficiência da IA como ferramenta de biossegurança, no entanto, depende da atenção dada à sanidade e à higiene em todos os segmentos de um Programa de IA, desde a localização da Central de IA (CIAS) até a logística de distribuição das doses espermáticas aos clientes.
E os perigos existem. Vários patógenos importantes já foram isolados no sêmen suíno, entre eles os vírus da Febre Aftosa, da Doença de Aujeszky (DA), da Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS) e da Peste Suína Africana e Clássica, além do PCV2. Na verdade, potencialmente todos os vírus podem ser transmitidos pelo sêmen na fase virêmica da infecção. Por isso medidas que garantam a desejada Biossegurança dentro do Programa de IA devem ser adotadas.
E já existem normatizações das medidas preventivas a serem adotadas. A Organização Internacional de Epizootias – OIE (OIE, 2000), contempla em seu Código Zoosanitário normas e recomendações específicas para Centrais de IA de suínos e para o comércio internacional de sêmen suíno, que tem por objetivo manter a saúde dos animais em um Centro de IA em padrões que permitam a distribuição internacional de sêmen livre de patógenos específicos.
Entre os aspectos gerais de biossegurança dos centros produtores de sêmen que possuem recomendações específicas para sua operação, podemos citar o isolamento físico destas instalações, a supervisão veterinária, a adoção de medidas de quarentena, o uso de antibióticos no diluente, as condições higiênicas de operação e a capacitação do pessoal.
Importante ressaltar que em tempos de busca por novos mercados, um adequado manejo que leve em conta as medidas preconizadas de Biossegurança, aliada a prática da rastreabilidade em toda a cadeia produtiva, serão cada vez mais fatores decisivos para a competitividade internacional da suinocultura brasileira.
Por isso, abordaremos com mais detalhes cada um dos aspectos gerais citados acima na próxima edição.
Até lá.
Texto elaborado com base no artigo:
SCHEID, I. R. Aspectos de Biossegurança e de Higiene Associados à Inseminação Artificial em Suínos. Disponível em http://www.cnpsa.embrapa.br/abraves-sc/pdf/Memorias2000/5_Isabel.pdf
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