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Manejo

Cama como adubo

Emater-MG incentiva uso da cama de frango como adubo orgânico. Material não pode ser utilizado para alimentação do rebanho.

Em 2009, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou uma instrução normativa com punições severas para o produtor que fizer uso da cama de frango na alimentação do rebanho. Para desestimular a prática e dar alternativas de renda ao avicultor, que comercializava esse subproduto das granjas, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e a Embrapa Milho e Sorgo estão incentivando a aplicação da cama de frango como adubo de lavouras, principalmente do milho.

Em parceria, as duas empresas implantaram cinco unidades demonstrativas na região Central do Estado para avaliar de maneira mais precisa o potencial da cama de frango como fertilizante. A Embrapa Milho e Sorgo disponibilizou insumos e realizou o plantio de milho em propriedades selecionadas pelos técnicos da Emater-MG nos municípios de Papagaio, Maravilhas, Onça do Pitangui, Pará de Minas e Florestal.

“A cama de frango contém vários nutrientes como o nitrogênio, fósforo e o potássio, em quantidades interessantes e que podem ser prontamente disponibilizados para as plantas”, explica o coordenador técnico de Culturas da Emater-MG, Walfrido Machado Albernaz.

Nas unidades demonstrativas estão sendo cultivadas lavouras de milho que receberam adubo convencional e outras adubadas com cama de frango. A ideia é verificar se o desempenho das plantações será o mesmo. Os sistemas de plantio variam desde o convencional até o consorciado com pastagem e eucalipto (Integração lavoura, pecuária e floresta).

“Nós também estamos analisando a questão da fertilidade do solo, porque a incorporação da cama de frango ao terreno, além de fornecer nutrientes, melhora a estrutura do solo. Ela tem matéria orgânica que o adubo químico não possui”, disse.

De acordo com Walfrido, os resultados serão um importante instrumento para avaliação dos sistemas mais adequados para a região e poderão ser utilizados para orientação e capacitação de produtores, técnicos e empresários ligados à atividade agropecuária regional.

A unidade demonstrativa de Florestal fica na propriedade do senhor Heleno Pereira, que plantou um hectare de milho adubado com cama de frango. A colheita deve ocorrer até maio e atingir uma produção de cinco toneladas do grão. “A qualidade das plantas está ótima e o milho cresceu bastante. Não vi diferença do sistema convencional”, comenta o produtor.

Segundo o extensionista da Emater-MG em Florestal, Marcelino Alves Mendes, qualquer cultura pode ser adubada com cama de frango, mas no caso do milho a técnica é bem simples. “A cama de frango é esparramada a lanço em toda a área a ser cultivada, antes do plantio do milho. E na hora do plantio do grão não é necessário adubar”, explica.

De acordo com Marcelino, os primeiros resultados mostram que “os custos da adubação com cama de frango são um pouco inferiores do que a adubação convencional para um produtividade aparentemente igual”.

Proibição

A cama de aviário ou cama de frango é constituída de dejetos, penas, resíduos de ração e outros que ficam acumulados no piso das granjas. Há também os dejetos de suínos, sangue e derivados, farinha de sangue, de carne e ossos (exceto a farinha calcinada). Ainda estão incluídos os resíduos de açougue e produtos que contenham, em sua composição, proteínas e gorduras de origem animal.

Em 2004, o Ministério da Agricultura proibiu o uso desse subproduto das granjas avícolas e suinícolas na alimentação de ruminantes para evitar a contaminação do rebanho com uma proteína chamada prion, que provoca a encefalopatia espongiforme bovina, conhecida popularmente como a doença da Vaca Louca. O gado que consome os subprodutos pode contrair também o botulismo, doença causada pela toxina do Clostridium botulinum, encontrada em ossos, fezes e até mesmo no tubo gastrointestinal de animais mortos.

Desde o ano passado, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), tem intensificado o trabalho de fiscalização e haverá uma atenção especial ao período seco, quando o uso de produtos é mais acentuado para complementar a alimentação do gado. Quando os fiscais constatarem, mediante exame das rações, que houve uso dos subprodutos animais, o rebanho será sacrificado sem qualquer indenização ao proprietário.