Redação AI 31/03/2003 – A política agressiva de inspeção de resíduos sobre o frango brasileiro colocada em prática desde o ano passado pelos países europeus está mudando o comportamento dos proprietários de agroindústrias na região de Concórdia (SC). Desde a semana passada, as emissoras de rádio do Alto Uruguai estão veiculando uma campanha, organizada pela União Brasileira de Avicultura (UBA), contra o uso de ração clandestina. Essa foi a medida encontrada para banir os nitrofuranos, substâncias químicas proibidas que têm sido detectadas em carcaças de frango vendidas à Europa.
Os nitrofuranos são antibióticos que servem para garantir o crescimento das aves. Só que as substâncias deixam resíduos na carne e podem ser prejudiciais à saúde humana. Foi por isso que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento resolveu proibí-las no início do ano passado. Mesmo com a proibição, lotes de frangos vendidos aos países da Comunidade Européia continuaram sendo condenados por apresentarem vestígios dos nitrofuranos. Como as agroindústrias garantem que não utilizam mais os nitrofuranos, a suspeita recai sobre as rações produzidas fora dos sistemas de integração.
Embora as agroindústrias não indiquem o uso de ração produzida por terceiros, não há como manter o controle do que é servido aos frangos em todas as propriedades integradas. Por isso, a UBA optou pela conscientização dos produtores. A campanha é agressiva. Um dos comerciais veiculados pelas rádios da região diz que “remessas inteiras de aves que são exportadas para a Europa são recusadas por terem sido tratadas com nitrofuranos. Quer dizer, quem acha que ganha usando nitrofuranos, na verdade, está é perdendo”. O que mais chama a atenção na campanha é que a UBA resolveu abordar publicamente um assunto que era considerado tabu na avicultura.