Redação (17/07/2008)- Ao contrário de algumas entidades de produtores, que manifestam temor em relação à capacidade de armazenamento da safra, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), acredita que não há risco de crise nesse setor.
O engenheiro agrícola Irnás Fideles de Souza, gerente de Operações da Companhia, informa que existem hoje em GO 767 armazéns cadastrados na instituição, com capacidade estática de 8,52 milhões de toneladas.
Segundo ele, a maioria desses armazéns é constituída por unidades graneleiras, portanto relativamente modernas, apesar de ainda existirem unidades convencionais (armazenagem em sacarias).
Distribuição
Irnás Fideles diz que, a curto prazo, o problema não é a capacidade da rede armazenadora, e sim, a sua inadequada distribuição geográfica no Estado, pois como é relativamente antiga, não reflete mais o momento do setor agrícola.
“Tem unidades, por exemplo, que se acham hoje no centro de zonas canavieiras, tornando-se, portanto, de difícil utilização para a armazenagem da produção de grãos”, explica ele.
Conforme Irnás Fideles, a capacidade estática dos armazéns cadastrados na Conab corresponde a cerca de 70% da produção das principais culturas do Estado – de arroz, milho, soja, feijão, sorgo e trigo – estimada em 12,38 milhões de toneladas.
“Como toda a demanda por armazéns não se dá de uma só vez, mas no curso de um período relativamente longo, não acreditamos que venha a faltar espaço para a recepção da safra”, diz Irnás Fideles, argumentando que durante a colheita há remoção de estoques para os centros consumidores, além de que a safrinha só ocorre vários meses depois da safra de verão.
Credenciados
O gerente de Operações da Conab ainda explica que, atualmente, a companhia conta com apenas 170 armazéns credenciados no Estado, somando uma capacidade estática de 3,69 milhões de toneladas, que correspondem a aproximadamente 30% da produção goiana.
Para recepcionar as aquisições do governo federal, a Conab conta com a rede armazenadora credenciada, além de suas nove unidades próprias existentes no Estado, que somam uma capacidade estática de 190,20 mil toneladas, o que representa 1,5% da produção do Estado e 2,2% de toda a capacidade da rede armazenadora cadastrada.
Ele admite, também, que a atual rede armazenadora traz um grave equívoco de concepção, que é o da implantação de grande unidade. “O governo vem tentando corrigir esse erro, financiando a construção de armazéns na propriedade para pequenos e médios produtores”, diz o gerente de Operações da Conab.
Segundo ele, além de baratear a armazenagem, essas pequenas unidades permitem que o produtor zele diretamente pela qualidade do seu produto e seja remunerado por isso. “Nos grandes armazéns graneleiros, o bom produto é misturado ao ruim e o produtor que investiu para produzir com qualidade acaba perdendo todo o seu esforço”, diz Irnás Fideles.