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Bem-Estar Animal

Crueldade animal NÃO é o preço que se paga por carne barata

Paul Solotaroff e a revista Rolling Stone publicaram um artigo "Animal cruelty is the price we pay for cheap meat" que infelizmente é carregado de mentiras e informações errôneas.

Crueldade animal NÃO é o preço que se paga por carne barata

Paul Solotaroff e a revista Rolling Stone (nos EUA) publicaram um artigo “Animal cruelty is the price we pay for cheap meat” (Crueldade animal é o preço que pagamos por carne barata), que infelizmente é carregado de mentiras e informações errôneas. Este artigo não demonstra nem de perto o que acontece em uma granja de suínos.

Fiquei surpreso ao saber que nenhuma granja familiar foi entrevistada nesta reportagem. É surpreendente para mim porque nos Estados Unidos 96% das granjas de suínos são de origem familiar. Entretanto, esse artigo só se referiu à Big Meat, o que eu assumo que sejam corporações não familiares. Eu acredito que esta atitude tenha sido intencional para que o artigo atingisse grande impacto, já que a Rolling Stone precisava apelar para o lado emocional das pessoas. Lado emocional este que apela para que pessoas acreditem que estas grandes corporações não dão a mínima para o bem estar animal.

Uma das colocações mais estranhas foi: “fêmeas suínas ficam doentes por respirar em suas próprias excretas enquanto que suas rações são adicionadas de promotores de crescimento, e algumas vezes até lixo. A palavra lixo não é proverbial: Misturados com o grãos incluem-se uma variedade de lixos, incluindo vidro moído de lâmpadas, seringas usadas e os testículos esmagados de seus filhotes. Muito pouco em uma factory farm  é descartado”. As fêmeas não são alimentados de lixo. Obviamente matrizes seriam negativamente afetadas se alimentadas de lixo, especialmente o acima mencionado. A verdade é que os suínos consomem uma dieta mais balanceada do que a minha família. Nutricionistas animais formulam rações que condizem exatamente com os requerimentos dos animais. Em nossa granja, são fornecidas nove rações diferentes durante sua vida. Cada ração é baseada em necessidades nutricionais específicas dos suínos durante as diferentes fases de crescimento.

Outra colocação – “Bovinos e suínos não são “planejados” para viverem em ambientes fechados; eles ficam doentes e deprimidos, brigam e até mesmo matam e comem seus próprios filhotes em ato de desespero. “Posso assegurar-lhe, Sr. Solotaroff, que em nossa experiência com suínos presenciamos muitas brigas e até mesmo mortes, entretanto, os animais não se encontravam em sistemas de confinamento. Os suínos têm uma hierarquia social e ela necessita ser estabelecida.  Esta hierarquia é parte do comportamento natural da espécie. E, infelizmente, este comportamento pode envolver ataque uns aos outros. Em nossa granja presenciamos uma fêmea que morreu devido ao ataque de outra fêmea e isto aconteceu enquanto estavam ao ar livre.

E uma última declaração – “Eles despejam antibióticos na ração dos animais; criam as porcas em gaiolas apertadas para que estas não mordam o rabo uma das outras ou esmaguem seus filhotes no momento em que deitam; assim conseguem manter os animais gordos e tristes para que não consigam revidar quando levados ao matadouro”.

Sério? Antibióticos “despejados” em sua ração?

É ilegal a presença arbitrária de antibióticos em alimentos para animais. Os antibióticos são indicados apenas sob supervisão de veterinários. A prescrição é necessária para todo uso de antibióticos em animais. Todos os animais são submetidos a um período de abstinência de medicamentos (quantidade de tempo após a última dose) antes de chegarem ao mercado. Além disso, os antibióticos são caros. Não há nenhuma vantagem em dar-lhes mais antibióticos do que precisam. E os animais são tristes para que não revidem quando levados ao matadouro? Esta é simplesmente uma estratégia publicitária para que o lado emocional dos leitores seja atingido. Em nossa granja presenciamos animais saudáveis, tranquilos, nem gordos, nem tristes.

Crueldade animal não é o preço que pagamos por carne barata. Na verdade, se nós realmente tratássemos animais de maneira indevida, a nossa carne não seria barata. Já que os animais não prosperam se tratados de maneira cruel. É importante salientar que as porcas não seriam capazes de emprenhar e iriam abortar. Em vez disso, a realidade é que criamos porcas e leitões muito saudáveis. Carne a preços acessíveis é o resultado da eficiência dos agricultores, tecnologias e trabalho duro à moda antiga. Se o Sr. Solotaroff tivesse conversado com um verdadeiro agricultor saberia do que se trata.

Adaptado de: Animal cruelty is NOT the price we pay for cheap meat- www.mnfarmliving.com

Tradução: Júlia Linck Moroni, Medicina Veterinária

Leia o artigo original da revista: http://www.rollingstone.com/feature/belly-beast-meat-factory-farms-animal-activists