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Dejetos como fonte de riqueza

Gás metano gerado pelos dejetos suínos pode se converter em energia, através do biodigestor.

Redação (27/01/2009)- Os dejetos suínos sempre foram considerados grandes fontes de poluição, mas agora podem ser fontes de riqueza. “Uma granja de suínos, além de grande produtora de carne, pode constituir-se em excelente produtora de energia, tanto para si, como para terceiros”, enfatiza João Manfio, vice-presidente administrativo da Associação Paranaense de Suinocultores (APS). Basta instalar um biodigestor, equipamento usado na produção de biogás, mistura de gases – principalmente metano – produzida por bactérias que digerem matéria orgânica em condições anaeróbicas (isto é, em ausência de oxigênio). Sua atuação é a mesma de um reator químico, só que com reações de origem biológica. A matéria orgânica utilizada na alimentação dos biodigestores pode ser derivada de resíduos de produção vegetal (como restos de cultura), de produção anima l (como esterco e urina) ou da atividade humana (lixo doméstico).

Equivalência energética

Um metro cúbico (1 m³) de biogás equivale energeticamente a:
1,5 m³ de gás de cozinha;
0,52 a 0,6 litro de gasolina;
0,9 litro de álcool;
1,43 KWh de eletricidade;
2,7 Kg de lenha (madeira queimada).

Produção brasileira

Há mais de dois mil biodigestores já implantados no Brasil, mas este número ainda é pequeno, se comparado com as mais de 700 mil propriedades que produzem suínos no território nacional. “Com o propósito de produzir energia limpa, o biodigestor volta a ser cogitado como uma alternativa para a produção de energia das pequenas propriedades rurais e comunidades do interior, complementa Irineu Wessler, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores.

Produção de energia a partir dos dejetos suínos

Se for considerado apenas a população suína, cuja produção de dejetos é mais fácil de ser controlada, será encontrado hoje, no Brasil,  aproximadamente 38 milhões de animais. Cada animal produz entre cinco e oito kg/dia de dejetos, entre esterco e urina, o que daria algo como 247 milhões de kg de dejetos/dia, ou 90,2 bilhões de kg/ano, que antes era pura poluição. Contudo, se processada nos biodigestores, podem produzir aproximadamente 900 milhões de m3 de gás metano/ano, equivalentes a 64 milhões de botijões de gás de cozinha.

Dentre os vários tipos de biodigestores, o do tipo indiano, por exemplo, para animais em galpões de terminação com capacidade para 100 cabeças, produz 43,36 m3 de biogás por dia o que equivale a 1,50 botijões de GLP de 13 kg/dia. Assim, uma granja de 200 animais em te rminação pode produzir o equivalente a dois botijões de 13kg/dia, ou 60 botijões/mês. Ao preço atual de R$ 35,00/botijão, seria uma renda extra de R$ 2.100,00/mês, apenas com o que antes era considerado lixo, valor que muitas famílias urbanas não dispõem. Cada propriedade, assim, poderia converter-se em micro-usina produtora de energia alternativa renovável.

Sustentabilidade financeira do homem do campo

Existe a possibilidade de geração de renda extra para o suinocultor, além da produção do animal. A energia produzida a partir de esterco e de urina pode movimentar um gerador de energia, que, por sua vez, pode alimentar todos os equipamentos elétricos e a gás da granja, desde a casa (bocais de luz, refrigerador, televisor, computador, aparelhos de som, fogão, microondas, etc) até a própria pocilga (terminais de luz, aparelhos diversos). Assim mesmo, com certeza, haverá excedentes, que poderão ser comercializados. A Companhia de Eletricidade do Paraná (Copel) e Itaipu Binacional já tem estudos e projetos para aproveitar este potencial. Considerando que a energia ("elétrica") é o que mantém o homem no campo e que cada pessoa que vem para a cidade exige do poder público um investimento sete vezes maior do que o de conservá-la no interior, este não é um assunto desprezível.

Plataforma de Energia Renovável

Por estar próxima a uma grande área produtora de suínos, cujos dejetos poderiam contaminar os afluentes e, ao longo do tempo, comprometer o funcionamento das usinas, a Itaipu resolveu dedicar-se com afinco a este estudo. Além de limpar os afluentes, a partir da instalação destas micro-usinas, os técnicos concluíram que se poderia também duplicar o aproveitamento da energia que hoje se gasta nas pequenas propriedades. Como? Deixando de fornecer energia elétrica a estas granjas e delas recebendo os excedentes produzidos, para satisfazer as necessidades das pequenas comunidades urbanas, que hoje consomem somente energia elétrica que, assim, poderia ser destinadas a regiões mais longínquas.

A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) e a Associação Paranaense de Suinocultores (APS) estão colaborando neste estudo, que adquiriu uma grande importância subitamente.

Serviço: Associação Paranaense de Suinocultores – Aps
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