Dejestos suínos passando por sistema de tratamento |
Redação SI 05/06/2001 11:40 – Sistemas de produção de suínos com alta concentração de animais sempre produzem grandes quantidades de dejetos que precisam ser manejados de forma satisfatória não comprometendo o meio ambiente.
Um desses manejos se utiliza da adubação do solo que apesar de parecer a maneira mais fácil de resolver o problema “não é a única solução e nem a final”, afirma o pesquisador Milton Seganfredo da Embrapa Suínos e Aves, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, sede em Concórdia, SC. De acordo com a avaliação do pesquisador, da forma como a adubação do solo com dejetos suínos vem sendo feita poderá acontecer a poluição do ambiente porque – explica – as plantas não conseguem retirar todos os nutrientes que são colocados junto com os dejetos.
Em trabalho realizado sobre esse assunto, Seganfredo mostra os riscos da poluição ambiental segundo o modo usado para fazer o cálculo da quantidade de dejetos que será aplicada ao solo.
Para mostrar os riscos de poluição do ambiente quando se usa os dejetos suínos como adubo do solo, Seganfredo desenvolveu um cálculo do balanço de nutrientes, utilizando a cultura do milho. Nesses cálculos, considerou a quantidade de dejetos que seria colocada nas lavouras, baseando-se na quantidade de nitrogênio presente nos dejetos de esterqueiras e bioesterqueiras da região oeste de Santa Catarina e avaliando a quantidade de nitrogênio que o milho necessita para produzir 150 sacos por hectare. O quanto dos outros nutrientes que vão junto com o nitrogênio foi calculado a partir da quantidade de dejetos aplicada por hectare e do quanto desses nutrientes existe nos dejetos, segundo análises realizadas pela Epagri, Chapecó, SC. Para calcular as sobras ou faltas de nutrientes, o pesquisador se utilizou de três diferentes critérios:
– dose de dejetos para fornecer todo o nitrogênio que o milho precisa para produzir 150 sacos por hectare, aplicando tudo numa única vez e, preferencialmente, no dia da semeadura;
– dose de dejetos para fornecer todo o nitrogênio necessário até que a planta cresça 30 a 40 centimetros, aplicados numa única vez e, preferencialmente, no dia da semeadura;
– dose de dejetos calculada com base no nutriente que o milho menos precisa.
O pesquisador explicou a diferença dos critérios, dizendo que o primeiro é “econômico”, porque mais de uma aplicação torna a adubação com dejetos desvantajosa em relação à adubação química; o segundo, é o da “eficiência técnica” já que as quantidades de dejetos são calculadas com base na quantidade de nitrogênio que o milho retira do solo na fase de planta jovem; o terceiro critério pode ser considerado como “preservacionista”, ou de “resíduo zero” porque se utiliza de uma dose de dejetos que não tem nenhum dos nutrientes em quantidades maiores do que aquelas que as plantas podem retirar, assim procura não deixar acumular resíduos ou sobras no solo.
Que riscos de poluição do ambiente cada critério apresenta?
Quando a aplicação de dejetos tem por base o critério “econômico”, ocorrerá a sobra de todos os nutrientes, menos o nitrogênio usado como ponto inicial para calcular a dose de dejetos que seria aplicada. Se ocorrerem sobras, poderá acontecer a poluição ambiental, notadamente das águas das fontes e dos rios porque terão maiores quantidades de nitratos e de fósforo do que aquelas que não causam danos para o homem e o ambiente. De acordo com as explicações do pesquisador, essa visão de curto prazo é a maneira mais fácil de lidar com o problema, onde há menos gastos, mas através da qual não se resolve a questão do ponto de vista técnico e da proteção do ambiente.
Quando a decisão é pelo segundo critério (o da eficiência técnica), será preciso usar adubos químicos uma vez que os dejetos, por si sós, não terão todos os nutrientes de que as plantas precisam. Segundo Seganfredo, esse critério colabora para a diminuição das sobras de alguns nutrientes e dos riscos de poluição do ambiente, principalmente a contaminação por nitratos, mas, ainda assim, sobrarão alguns nutrientes. Apesar do segundo critério ser superior ao primeiro, mesmo assim não resolve a questão da preservação da qualidade do solo e do ambiente. O pesquisador lembrou que o solo não pode ser reservado apenas para plantar milho, mas deve ser bem cuidado para receber todos os tipos de cultura. Também considerou que a sua vida deve ser preservada e que as plantas têm resistências diferenciadas ao acúmulo de nutrientes que permanecem no solo.
Quando a opção se dá pelo terceiro critério – o da preservação do ambiente – proteje-se o solo contra o acúmulo de nutrientes e se diminui a poluição ambiental. Nesse caso, os nutrientes que os dejetos não puderem fornecer ao milho, poderão ser aplicados através de adubos químicos, nas quantidades certas e nas épocas que as plantas puderem aproveitar melhor os nutrientes aplicados. De acordo com o pesquisador, esse critério diminui significativamente a quantidade de dejetos que se pode usar como adubo, “mas é o melhor de todos para preservar a qualidade do solo e do ambiente”.
A análise dos riscos de poluição do ambiente quando se utiliza dejetos como adubo do solo mostra, com clareza, que é necessário diminuir-lhes o poder de poluição. Isso é possível de ser feito, através do uso de rações que possibilitem diminuir a quantidade de nutrientes perdidos nos dejetos e da criação de suínos selecionados para aproveitar melhor os nutrientes da rações. O pesquisador disse que o tratamento de dejetos também é uma maneira de diminuir o potencial de poluição dos mesmos, mas como, no momento, ainda é de custo elevado, em geral só é usado quando as outras possibilidades não resolvem o problema.
Interessados em obter informações mais detalhadas sobre esse assunto podem entrar em contato com a Área de Comunicação e Negócios/Transferência de Tecnologia da Embrapa Suínos e Aves pelo telefone (49)442.85.55/Ramal 243 ou pelo e-mail [email protected]