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Demanda por adubo encolhe 9% em 2008

Principal preocupação das indústrias do segmento, os estoques de passagem subiram e encerraram o ano em torno de 6 milhões de toneladas.

Redação (20/01/2009)- A crise de crédito que golpeou o agronegócio brasileiro no último trimestre de 2008 deixou sua marca sobre a demanda por fertilizantes no país. Com a freada das vendas do insumo a partir de meados de setembro, aprofundada pelos preços ainda elevados de então, as entregas das misturadoras (fabricantes de produtos finais como Bunge, Mosaic, Yara e Heringer) às revendas confirmaram as expectativas e fecharam o ano em 22,429 milhões de toneladas, 8,9% menos que em 2007, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). 

Os dados da entidade, ainda sujeitos a pequenas correções, mostram que a produção nacional, neste caso encabeçadas por fabricantes de matérias-primas como Fosfertil, Copebrás, Bunge e Vale, entre outras, somaram 8,876 milhões de toneladas de produtos intermediários, queda de 9,6%. As importações, por sua vez, recuaram 12,6%, para 15,397 milhões de toneladas de produtos intermediários no acumulado de 2008. 

Principal preocupação das indústrias do segmento, os estoques de passagem de fato subiram e encerraram o ano em torno de 6 milhões de toneladas, patamar duas vezes superior à média dos últimos 15 anos. Neste caso, contudo, a Anda no momento realiza uma revisão criteriosa por temer eventuais "duplas contagens" que tenham inflado o número. A associação também informa que os estoques não são generalizados e que para algumas matérias-primas o mercado segue ajustado. 

Eduardo Daher, diretor-executivo da Anda, afirma que qualquer projeção para 2009 é prematura, mas que um empate, em volume, com 2008 já será uma vitória. "Mas esse volume dependerá da disponibilidade de crédito ao produtor", diz ele. Com a safra de verão atual em início de colheita, está em jogo a demanda por fertilizantes para a produção de grãos de inverno, capitaneada por milho e trigo, e para a próxima safra de verão (2009/10), cuja semeadura ganhará ritmo no quarto trimestre. 

O executivo arrisca afirmar, porém, que neste ano, com o crédito para aquisições de insumos curto para os agricultores, o mercado deverá voltar a se comportar conforme sua tradicional sazonalidade. Ou seja, com vendas concentradas no terceiro trimestre. Em 2008, 51% das entregas das misturadoras às revendas se deu no primeiro semestre, ante média de 32% nas últimas 15 temporadas (2008 inclusive). Ficaram para o segundo semestre 49% das vendas, contra a média de 68%. 

Em janeiro, adianta Daher, as entregas deverão ficar mais ou menos no mesmo nível de dezembro, quando totalizaram 977,4 mil toneladas – 37,9% menos que no mesmo mês de 2007, que foi atípico pelo elevado volume de compras antecipadas. Em média, os preços de comercialização hoje estão entre 20% e 30% inferiores na mesma comparação. No caso das matérias-primas derivadas do nitrogênio, as quedas são maiores por causa do recente tombo das cotações do petróleo; para as matérias-primas derivadas do potássio, os recuos são menores porque a oferta global já passou por ajustes – houve fechamento de minas no Canadá e na Rússia, por exemplo. 

Fontes do mercado também confirmam que a receita oriunda das vendas de adubos ficou em torno de R$ 26 bilhões em 2008, acima das previsões iniciais que sinalizavam até R$ 40 bilhões, mas acima dos R$ 17 bilhões de 2007. Outra aposta do ramo que ganhou força no fim do ano, de que o Paraná superaria Mato Grosso na demanda por Estados, não se confirmou. Em Mato Grosso, foram 3,715 milhões de toneladas, enquanto no Paraná, 3,350 milhões.