Leia o artigo de Rodrigo da Silveira Nicoloso – Pesquisador A, Embrapa Suínos e Aves.
O modelo de produção de animais em confinamento e em escala industrial tornou o Brasil um dos principais produtores e exportadores de carne suína do mundo. Desde o ano 2000, a produção praticamente dobrou atingindo 5 milhões de toneladas de carne suína em 2022, sendo que 22,5% deste volume foi destinado para exportação naquele ano (ABPA, 2023). Este resultado foi alcançado por meio de avanços tecnológicos que proporcionaram ganhos de produtividade, melhorias na qualidade dos produtos e um status sanitário diferenciado para os rebanhos brasileiros. No entanto, também foi fruto de uma mudança profunda no perfil dos estabelecimentos suinícolas que reduziram em número, mas cresceram significativamente em escala em todo o país. Segundo dados do Censo Agropecuário, entre 2006 e 2017 houve uma redução de 10% no número de estabelecimentos classificados como de suinocultura industrial no Brasil (Miele e Almeida, 2023). Por outro lado, o número médio de animais alojados por estabelecimento cresceu 69% de 974 para 1.646 cabeças entre os dois Censos, segundo os autores.
Este cenário, em que houve concomitante aumento de escala e de produtividade, levou o Brasil a ser tornar um dos países mais competitivos do mundo na produção de suínos (Miele, 2023). Porém, também trouxe à cadeia de produção grandes desafios quanto ao manejo dos resíduos da produção animal nas propriedades rurais, notadamente os dejetos de suínos e as carcaças de animais mortos não abatidos. Neste artigo, vamos discutir quais as principais opções para manejo e descarte das carcaças de animais mortos nas granjas. Estes resíduos, além de representarem elevado risco sanitário aos rebanhos, também necessitam atenção quanto ao seu risco à saúde do trabalhador rural e ao meio ambiente se manejados ou descartados de forma inapropriada. No entanto, primeiramente, é necessário compreendermos a dimensão do problema.