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Nutrição

Fiscalização da cama de frango

<p>Mapa lança alerta contra vaca louca: uma das medidas preventivas é não usar produtos de origem animal na alimentação do gado.</p>

No Brasil, ainda não apareceu nenhum caso da vaca louca. Mas, o Ministério da Agricultura diz que é preciso ficar alerta. Uma das medidas preventivas é não usar produtos de origem animal na alimentação do gado. É o caso da cama de frango. O repórter Eli Franqui mostra como está sendo feita a fiscalização em São Paulo.

O barracão da granja que alojou 18 mil aves acaba de ficar vazio. É hora de remover o que o pessoal costuma chamar de “cama de frango”. É o esterco misturado com restos de ração e o substrato que nesta granja é a palha de arroz.

Para os criadores, a cama de frango é uma importante fonte de renda. Num galpão onde são criadas 18 mil aves, a cada 45 dias, o criador pode tirar 25 toneladas. Na região a tonelada de “cama de frango” está sendo vendida em média por R$ 80. Isso quer dizer que o Deocacir vai ter um faturamento quando retirar a “cama de frango” de dois mil reais.

“O que isso representa no faturamento da granja?”, pergunta o repórter.
“Vinte e cinco por cento do faturamento total”, declara Deocacir Oliveira, criador.

O dono da granja diz que hoje só vende a cama de frango para quem vai usar como adubo orgânico. E admite que já chegou a comercializar o produto com pecuaristas que o utilizavam para alimentar o gado .

“Cheguei a usar também para o gado, antes quando era liberado eu usei bastante e vendi bastante também”, diz.

A “cama de frango” é um produto barato para o pecuarista, mas o seu uso na alimentação do gado está proibido no Brasil há oito anos. O principal motivo para isso: evitar a transmissão do mal da vaca louca.

A doença atinge o sistema nervoso principalmente de bovinos e deixa os animais com o comportamento alterado, daí o nome vaca louca.

Na Europa, ela virou uma epidemia na década de noventa porque a doença pode ser transmitida ao ser humano. O gado fica doente quando se alimentava de ração com farinha de carne contaminada e o mal acabava passando para as pessoas que comiam a carne doente.

Mas o que a “cama de frango” tem a ver com o mal da vaca louca?  O problema é que a ração das granjas brasileiras ainda leva um pouco de farinha de carne.

Quando o frango se alimenta nos cochos ela geralmente desperdiça um pouco da ração que cai na cama. Além disso, como o intestino do frango não aproveita integralmente o alimento, cerca de 30% da ração é descartada nas fezes.

As aves não se contaminam, mas se a “cama” com restos da ração for dada aos bovinos, o ciclo pode se fechar. Por isso, a corrente tem que ser interrompida.

A doença da vaca louca não chegou ao Brasil, mas ainda há riscos. A preocupação é com os animais importados dos países onde ocorreram focos. As importações foram suspensas há nove anos, mas só no estado de São Paulo, por exemplo, há perto de dois mil animais dos lotes antigos que ainda estão vivos. É o que explica a chefe do serviço de sanidade do Ministério da Agricultura em São Paulo.

“Esses animais podem eventualmente vir a morrer ou serem abatidos, virar uma farinha de carne e osso, que está presente na ração do frango e que seria então indiretamente oferecida ao bovino na “cama do aviário”. Por isso existe essa proibição, porque nós temos fatores de risco para a ocorrência da doença no Brasil”, declara Patrícia Pozzetti, chefe Serviço Sanidade.

A veterinária Juliana do Amaral, do Ministério da Agricultura, diz que, além de prevenir o mal da vaca louca, a proibição da “cama de frango” também tem o objetivo de evitar outros problemas.

“Ela pode transmitir o botulismo, também pode conter inseticidas, resíduos de antibióticos e que é prejudicial para o gado também”, diz Juliana do Amaral, veterinária do Ministério da Agricultura.

O uso da “cama de frango” na alimentação de gado e outros animais ruminantes no Brasil está proibido pelo Ministério da Agricultura desde 2001, mas em outubro foi baixada uma nova instrução normativa que aplica penalidades.

Além de ser processado o pecuarista que usar a cama também pode sofrer severas punições no bolso. As principais: o abate sanitário do rebanho e a interdição da propriedade.

Para fazer um alertar sobre os riscos de usar a “cama de frango” na ração e as punições, o Ministério Público e o Ministério da Agricultura estão promovendo encontro com os produtores.

Os pecuaristas que participam de reuniões assinam uma lista que será entregue ao Ministério Público. É uma forma de garantir, em caso de processo, que o criador foi alertado sobre as regras e tem conhecimento da lei.

O Ministério Público também está empenhado na fiscalização. O promotor Alexandre Magalhães Júnior diz que, de um ano e meio pra cá, trinta produtores da região foram autuados e tiveram que  assinar um termo de ajustamento de conduta. Ele alerta que a reincidêndica pode trazer sérios problemas para os criadores.

“A pessoa assinou o termo de conduta, sabe da penalidade, daí o Ministério vai lá e constata que ele continua a fornecer esta “cama de frango” para os ruminantes, daí é um crime de reclusão de um a quatro anos que cabe prisão em flagrante”, declara Alexandre Magalhães Júnior, promotor público.

O Ministério da Agricultura tem uma cartilha sobre a doença da vaca louca e os cuidados para evitá-la. Fala inclusive da cama de frango. A cartilha é grátis e pra conseguir uma, você deve escrever para:

Binagri – Biblioteca Nacional de Agricultura
Caixa postal: 02432
Cep: 70043-900
Brasília, Distrito Federal.