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Lodo que vira adubo

Esgoto urbano é transformado em fertilizante alternativo, ajudando agricultores a elevar a produtividade das lavouras.

Da Redação 08/04/2003 – O produtor de cana-de-açúcar Arlindo Batagin Júnior, de Capivari, SP, não tem medo de inovar em suas plantações. Ainda mais quando o novo pode significar maior produtividade, mais lucro e atitude agroecológica. Há dois anos, ele ouviu falar do uso do lodo proveniente de esgoto urbano como fertilizante para o solo. Ao passar a utilizá-lo em suas lavouras, obteve um aumento de 10 toneladas de cana por hectare em sua produção anual. E o que é melhor: sem desembolsar um tostão pelo fertilizante alternativo, sequer para pagar o frete.

O material que elevou o rendimento do produtor é proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto de Jundiaí (SP). A empresa Opersan Serviços Ambientais aproveita a produção diária de 250 toneladas de lodo de esgoto da estação paulista para reciclá-lo produzindo o biossólido, como é chamado o produto pronto para a agricultura. O processo de reciclagem é realizado através de um sistema onde a água do esgoto é tratada para voltar aos rios, enquanto que os agentes potencialmente poluentes são transformados em adubo.

“O tratamento inclui ainda a higienização desse subproduto do esgoto, para que organismos patógenos sejam reduzidos a uma quantidade que não represente risco de contaminação”, explica o engenheiro agrônomo da Opersan Fernando Carvalho Oliveira. Tal redução é feita mantendo-se o lodo sob o sol por 90 dias, onde é constantemente revolvido. No Paraná, onde também obtém-se o fertilizante, a calagem (adição de cal ao lodo) é a principal forma de controlar a sanidade do produto. “Por meio desse método, que dura de 30 a 60 dias, ocorre o aumento de pH, temperatura e outros fenômenos responsáveis pela eliminação de microorganismos nocivos”, explica Cleverson Andreoli, coordenador do programa de biossólidos da Sanepar – Companhia de Saneamento do Paraná.

Aterros

Além de não poluir os rios, a produção de biossólido evita o acúmulo de resíduos em aterros sanitários, que, no caso de São Paulo, ou estão lotados ou custam caro por serem particulares. “Para produzir o fertilizante, levá-lo a propriedades dentro de um raio máximo de 120 quilômetros e ainda prestar assistência técnica ao produtor, a Opersan tem gasto 45 reais por tonelada. Já o lodo com destinação final para os aterros custaria 60 reais por tonelada”, contabiliza o agrônomo da empresa. “Como é um trabalho novo, nem todos os produtores terão acesso no momento ao fertilizante, porque a procura é maior do que a oferta e o biossólido é produzido somente em regiões que fazem o tratamento de esgoto”, afirma Oliveira. “Mas a tendência é a ampliação em nível nacional”.

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