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Manejo nutricional de matrizes suínas gestantes: Parte I - por Márcio Gonçalves

Os dois desafios mais comuns que encontramos nas granjas em relação ao manejo nutricional de matrizes gestantes são o fornecimento da quantidade adequada de ração de acordo com a necessidade da matriz e o uso de dietas com excesso de nutrientes.

Manejo nutricional de matrizes suínas gestantes: Parte I - por Márcio Gonçalves

Os dois desafios mais comuns que encontramos nas granjas em relação ao manejo nutricional de matrizes gestantes são o fornecimento da quantidade adequada de ração de acordo com a necessidade da matriz e o uso de dietas com excesso de nutrientes. Todavia, os dois grandes objetivos da nutrição de matrizes gestantes é maximizar o peso do leitão ao nascimento e preparar a fêmea para um alto consumo de ração durante a lactação para diminuir a perda de peso corporal e aumentar a produção de leite e o peso do leitão ao nascimento. Portanto, este artigo discorre sobre aspectos importantes do manejo nutricional que estão relacionados, principalmente, com o peso do leitão ao nascimento e a condição corporal da matriz gestante. A primeira parte do artigo abordará principalmente o impacto da energia da dieta e a segunda parte abordará o impacto dos aminoácidos.

Os fatores mais importantes do ponto de vista econômico e zootécnico na nutrição de matrizes gestantes são os aminoácidos e a energia. Atualmente, a maioria dos nutricionistas utiliza energia metabolizável em suas formulações, no entanto, com a disponibilidade de novas pesquisas, o uso de energia líquida tem sido cada vez mais utilizado em fases de creche e terminação e, provavelmente, tardará um pouco mais para ser adotado nas fases de gestação e lactação, mas sem dúvida será uma realidade no futuro.

A maneira mais econômica de aumentar o consumo de energia em matrizes gestantes é aumentando a quantidade de ração fornecida. No entanto, um consumo de ração excessivo, irá gerar um consumo de energia excessivo, aumentando a espessura de toucinho da matriz. A relação entre a espessura de toucinho e o consumo de ração durante a lactação é bem abordado na literatura e se observa que matrizes com excesso de espessura de toucinho apresentam uma redução no consumo de ração durante a lactação, o que irá impactar na produção de leite da matriz, desmamando leitões mais leves, além de aumentar a perda de peso da matriz durante a lactação e, por conseqüência disso, prejudicar o desempenho reprodutivo subsequente. Em um estudo clássico realizado em 2004 na Kansas State University, matrizes com mais de 21 mm de espessura de toucinho ao parto pariram 1 leitão a menos no parto subsequente quando comparado com matrizes com espessura de toucinho menor que 21 mm.

A prática do aumento do fornecimento de ração no terço final da gestação tem sido bastante utilizada ao redor do mundo com o objetivo de aumentar o peso dos leitões ao nascimento. No entanto, os dados da literatura científica não são consistentes neste tema. Diversas pesquisas científicas não observaram influência do aumento da ração no terço final da gestação sobre o peso do leitão ao nascimento. Em um estudo realizado pela Kansas State University, também não se observou diferença no peso do leitão ao nascimento, e se relatou um aumento no custo de ração por leitegada de U$5,00 em leitegadas de matrizes que receberam um aumento do fornecimento de ração no terço final da gestação. Neste estudo, não foram observados efeitos negativos do aumento do fornecimento de ração no terço final da gestação em matrizes multíparas. No entanto, as leitoas que receberam maior quantidade de ração no terço final da gestação chegaram ao parto 2,4 kg mais pesadas, e consumiram 15% menos ração durante a lactação, consequentemente perdendo 5 kg a mais de peso corporal quando comparado com leitoas que receberam a quantidade de ração controle.

No final da década de 80, pesquisadores realizaram um experimento e observaram uma influência positiva do aumento da ração no terço final da gestação sobre o peso do leitão ao nascimento, no entanto, naquele experimento as matrizes do grupo controle receberam ração abaixo do recomendado, prejudicando a interpretação dos resultados. Em recente estudo realizado em uma granja comercial de pesquisa dos Estados Unidos, foi observado aumento do peso do leitão ao nascimento apenas em leitegadas de primíparas.

O tradicional aumento de ração no terço final de gestação gera um consumo de energia 15% acima da exigência de energia da matriz. O aumento do fornecimento de ração para atingir a exigência de aminoácidos irá aumentar o ganho de peso das matrizes, fazendo com que as mesmas fiquem com sobrepeso e tenham um menor consumo de ração na lactação.

A parte II pode ser lida aqui