Os pecuaristas de Mato Grosso do Sul devem ter um novo modelo estadual de rastreamento eletrônico do rebanho bovino em até quatro anos. O governador André Puccinelli negocia com o Ministério da Agricultura uma delegação especial para a criação de um sistema paralelo ao federal (Sisbov). Santa Catarina já mantém um sistema semelhante.
Na semana passada, Puccinelli fez o pedido pessoalmente ao ministro Reinhold Stephanes. Mas a delegação dependerá dos detalhes operacionais e da viabilidade tecnológica do sistema. “O Estado entende que poderia fazer uma identificação estadual, como fizemos com os 800 mil animais na ZAV [Zona de Alta Vigilância] e como fez Santa Catarina”, afirma a secretária estadual da Produção, Tereza Correa da Costa Dias. A ZAV foi criada para ampliar o monitoramento e receber recursos orçamentários adicionais após a ocorrência de vários focos de febre aftosa na região sul do Estado. Mato Grosso do Sul tem um rebanho estimado em 22 milhões de cabeças de gado.
O modelo de Santa Catarina, iniciado em 2007, determinou a identificação individual de todo o rebanho bovino por meio de brincos. O Estado, único no país a ter o status internacional de área livre de aftosa sem vacinação, convive com a emissão de guias de trânsito animal (GTA) eletrônica e manual. “Queremos chegar a 100% do rebanho em três ou quatro anos. Mas tem que ser totalmente com brinco eletrônico”, diz a secretária.
O modelo seria gratuito ao pecuarista, segundo ela. “Vamos introduzir uma nova tecnologia, com um leitor universal de brincos ou chips e que terá transmissão via celular GSM. Assim, o pecuarista poderá incluir seu gado diretamente no banco de dados de forma automática”. O modelo poderia ser usada em outros Estados.
O governo de Mato Grosso do Sul informa que o novo sistema será paralelo ao modelo do Sisbov. “Mas, antes disso, o ministério quer ver essa nova tecnologia. Queremos aval deles porque assim daríamos garantias ao pecuarista que quiser entrar no Sisbov federal”, afirma Tereza. As 800 mil cabeças situadas nos municípios da ZAV poderiam ser os primeiros a contar com a identificação individual eletrônica. “Isso já funciona na ZAV, mas passaria, agora, a ser feita de forma eletrônica”. Um grupo multidisciplinar acompanhará a execução experimental da proposta. Técnicos da Embrapa, Agência Estadual de Sanidade Animal e Vegetal (Iagro), pecuaristas, sindicatos rurais, universidades e entidades de classe seriam responsáveis pelo novo sistema.