Redação (05/11/2007)- Pá e enxada? Até tem. Mas é em especial com alta tecnologia – resultado de pesquisas, máquinas modernas e até de equipamentos como GPS – que o campo brasileiro fez o País conquistar posição de destaque no agronegócio internacional. Fundamental para isso é a atuação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que entre suas ações está o cultivo de soja no cerrado, apenas possível com o desenvolvimento de variedades para a região. As inovações não param e passam por colheitadeira de algodão que enfarda a pluma e programa de GPS que controla aplicação de defensivo conforme a necessidade.
Embrapa no topo da tecnologia da agropecuária
Quando se pensa no benefício trazido pelas tecnologias desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) logo se imagina o produtor rural no campo, colhendo mais na mesma área, obtendo economia e crescendo. Mas o que ninguém se lembra é que quando a Embrapa foi criada, há 34 anos, o Brasil tinha que importar alimentos básicos, como arroz e feijão, lembra Evandro Mantovani, chefe da Secretaria de Gestão Estratégica da entidade. "Tínhamos que trazer feijão do México, o que representava custo alto ao consumidor", recorda.
O melhoramento genético de variedades, o aprimoramento de técnicas de manejo, entre outros avanços trazidos pela Embrapa tornou o Brasil auto-suficiente em alimentos e o maior exportador mundial de soja, carne bovina e suco de laranja, ainda importante em outros produtos agropecuários, como açúcar, frango, café e frutas.
A introdução da soja no cerrado brasileiro é um dos importantes méritos da empresa de pesquisa. A área cultivada com a oleaginosa no Brasil em meados da década 70 era de 6,9 milhões de hectares, espaço que triplicou 30 anos depois, na safra 2006/07 e, se expandiu do Sul para o Cerrado. Enquanto a área cresceu três vezes, a produção avançou quase 5 vezes, graças ao aumento de produtividade no campo. De 1,7 mil quilos por hectares, o desempenho da soja (média brasileira) saltou para 2,8 mil quilos. "Nos dias atuais, 35% da área de soja do Brasil vêm das nossas cultivares", orgulha-se. Mas antes de desenvolver tecnologia para as culturas de grãos, frutas, pecuária de corte e leiteira e, mais atualmente, agroenergia, a Embrapa precisou fazer um treinamento de recursos humanos nunca antes visto no Brasil. Cerca de 1 mil pesquisadores foram treinados nas melhores universidades do brasileiras e do exterior. "Não tínhamos, na época, massa crítica para responder às diferentes demandas das diferentes regiões. Também não havia uma política de desenvolvimento agrícola", recorda.
Com essas ações, que incluíram adequação de materiais e equipamentos, a instituição conseguiu desenvolver atividades em áreas de genética, tecnologia de manejo e de maquinário. O resultado é que a produção de alimentos no Brasil cresceu mais que a população.
Entre 1971 e 2003, os brasileiros reproduziram-se em taxa geométrica de 1,93, enquanto a soja avançou 8,06, a laranja, 6,14, a carne de frango, 10,99, o leite de 79, cebola 4,32 e o tomate de 4,67. Na mesma linha, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita avançou 1,9, enquanto que, o agropecuário, 3,25, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), citados pela Embrapa.
A posição de grandeza do agronegócio brasileiro no exterior também trouxe à Embrapa o justo reconhecimento por ter participado ativamente dessa explosão qualitativa e quantitativa da produção agropecuária nacional. Atualmente, maior exportador de soja em grão, carne bovina e suco de laranja, o Brasil é citado com freqüência na imprensa internacional, que também já fez referências louváveis à Embrapa, como a declaração do ex-secretário de Estado americano, Colin L. Powell. "Os Estados Unidos sempre foram referência para nós da Embrapa. Esse reconhecimento é, com certeza, de muito valor", diz Mantovani.
Mas, a Embrapa vive de desafios e, neste ano, a instituição conclui seu planejamento estratégico para os próximos 15 anos. "As mudanças climáticas e a realocação das culturas, a produção de alimentos funcionais e a agroenergia são alguns dos nossos focos estratégicos", antecipa.